A sondagem foi realizada pelo Instituto Vox Populi, entre junho e julho deste ano e ouviu 3.600 pessoas, sendo 1.500 professores, 1.500 pais de alunos e 600 estudantes de ensino médio. Segundo a pesquisa, 85,6% dos docentes têm o receio de contrair a doença, assim como 81,8% dos pais e 75,1% dos alunos. Além disso, apenas 25% dos entrevistados afirmam que o governo tem dado condições adequadas para o retorno seguro.
A Secretaria Estadual da Educação rebate dados da pesquisa. Diz que tem protocolos seguro para a volta às aulas, que investiu na modernização de escolas e em vacinação de professores. Para o segundo semestre, o governo João Doria (PSDB) mudou algumas regras. A partir de agora não é preciso mais respeitar o limite de 35% dos alunos na sala de aula. A escola pode receber todos os matriculados, desde que respeite a distância de 1 metro entre eles. Se isso não for possível, o colégio promove revezamento com parte dos estudantes na classe e outra com ensino remoto em casa.
Os pais ainda não são obrigados a mandar seus filhos para a escola. Podem optar pelas aulas on-line. A sondagem indicou ainda que 49,9% dos professores tomaram a primeira dose, outros 44,6% receberam as duas e ainda 5,5% não foram imunizados. A maioria dos docentes é contra a volta às aulas presenciais: além de 51,3% dos pais dos alunos e 44,1% dos estudantes. Apenas na capital paulista, 77,5% dos professores se dizem contra a medida.
A pesquisa ainda destaca que 15% dos estudantes de SP abandonaram a escola durante a pandemia do coronavírus. Entre as razões elencadas estão falta de acesso à internet ou de equipamentos adequados e necessidade de trabalhar para ajudar os pais. “A necessidade do abandono está associada à necessidade de os alunos trabalharem, principalmente pela queda da renda das famílias. Quase 40% fazem um bico ou um trabalho para ajudar a família”, diz Marta Maia, gerente técnica do Instituto Vox Populi.
O comentário é endossado por João Palma Cardoso Filho, ex-secretário adjunto estadual da Educação. “O que se coloca muito para o governo do Estado é o que vai fazer para que esses alunos que abandonaram os estudos voltem às salas de aula”, diz. Somado a isso, as aulas virtuais foram reprovadas pela comunidade escolar: 66,9% dos professores, 74,7% dos pais e 73,9% dos alunos entrevistados.
Segundo a pesquisa, mais da metade dos das pessoas ouvidas declaram que não receberam do poder público infraestrutura física para trabalharem ou estudarem remotamente, como equipamentos, pacote de dados para acesso à internet ou computadores do governo ou da escola para as aulas remotas. Entre os pais de alunos, essa reclamação chega a 73,8%, ou seja, dois terços. Entre os alunos do ensino médio, 63,2% também não teve este apoio e, entre os professores, 54,3%. Ainda segundo 50,5% dos professores ouvidos, as escolas onde trabalham não têm disponíveis para aulas, salas com acesso à internet, computadores ou câmeras de vídeo. Este índice sobe para 70,2% na percepção de pais e 61,5% na avaliação de alunos do ensino médio.
Fonte: Folha de São Paulo