A Celebração da Páscoa nos dias atuais, nos permite refletir sobre o real significado desta data e dos valores necessários para a vivência da fé dentro de uma sociedade contemporânea. Com o desenvolvimento da tecnologia, nos deparamos com uma complexa constituição social e cultural, onde as relações se constroem muitas vezes, embebidas em um mundo eletrônico e virtual.

 

Neste sentido o que significa celebrar a Páscoa nos dias de hoje? Quais valores passamos aos nossos jovens e crianças imersos nos reflexos de uma sociedade capitalista, em que os meios de comunicação e propaganda, impregnam como foco principal, o consumismo exacerbado?  Em uma sociedade em que o homem é escravizado pela razão, pelas descobertas da ciência, pela tecnologia e pelo consumismo, onde a cultura contemporânea atribui o abandono a possibilidade da transcendência, se faz necessário refletirmos sobre o significado da Páscoa como uma data festiva em que nos é dada a oportunidade de repensarmos as nossas ações e torná-las concretas, educando nossos jovens pelo e para o diálogo, os vínculos afetivos e os valores da vida em comunidade.

 

As crianças, desde muito cedo são colocadas frente a um mundo de possibilidades de compras e de consumo, onde “o ter” ocupa um espaço das relações e das vivências. Em contrapartida ao desejo das crianças, os pais buscam promover a felicidade de seus filhos atendendo seus desejos de consumo e, com a intenção de que atravessem a infância e à adolescência com o mínimo de dor e sem esforço, perdem-se sem saber o que fazer e como agir. Ações estas entre adultos e pequenos que promovem, não de maneira intencional, o individualismo e a autonomia.

 

Em um período em que crianças estão em pleno desenvolvimento de formação de caráter e de identidade enquanto pessoas, as ações por parte dos adultos devem ser de construção pragmática, contraria a vaidades que a vida em sociedade podem apresentar como atraentes e determinadoras de relações.

 

Celebrar a Páscoa nos dias de hoje, significa recuperar os valores perdidos, os vínculos de solidariedade e humanidade, longe do jogo do consumo, onde os ovos, presentes e chocolates sejam trocados sim entre as pessoas, mas carregados de vivências de partilha entre adultos e crianças, meninos e meninas, professores e educandos, avós e netos.

 

Dialogar com nossas crianças se faz necessário. Tornar as confraternizações do domingo de Páscoa momentos de celebração de vida, permitindo-nos o exercício da fé, independente da crença religiosa, mas a fé em uma sociedade de valores concretos, justos e solidários é o desafio de nossa sociedade.

 

Ponto de vista de Ana Paula Detzel, coordenadora da educação infantil e 1º ano do Ensino Fundamental, do Colégio Marista Santa Maria, da Rede de Colégios do Grupo Marista.

Secom/CPP