A tragédia inominável que se abateu sobre duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, onde três professoras e uma estudante perderam a vida em um ataque covarde e deplorável, traz de volta o pesadelo da barbárie no ambiente escolar, produzida pelo ódio plantado na sociedade brasileira. Ao mesmo tempo que nos impacta, nos choca e amedronta, o caso alerta para o aumento da brutalidade e impõe que a proteção a professores e alunos seja um tema presente na agenda dos governantes.
Quero me solidarizar com os familiares das vítimas, com os moradores de Aracruz e as comunidades da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral. Um estabelecimento público e outro particular indefesos diante da insanidade brutal de um assassino.
Vários estados do Brasil foram palco de episódios bárbaros em que o perfil dos terroristas se mostrou semelhante ao do jovem simpatizante do nazismo que agiu em Aracruz. Fato que comprova a necessidade de substituir a agenda armamentista e a cultura da repressão como forma de enfrentamento da violência por uma agenda de paz e por programas de apoio à juventude, infelizmente pouco comuns nas escolas do país.
Estamos chegando ao ponto em que ser professor se converteu numa atividade perigosa. E não é um disparate colocar o magistério entre as profissões de risco, em que os professores se expõem a constantes ameaças à sua integridade física e à própria vida. Tais profissionais precisam de mecanismos de proteção contra a violência e seguro de vida – algo que escolas e governos precisam providenciar.
Que a barbárie de Aracruz seja apurada de forma célere e haja exemplar punição.
Basta de violência. Governos e sociedade não podem mais aceitar que vidas inocentes sejam ceifadas. Fazer com que a escola seja um espaço civilizatório, onde prevaleça a cultura da paz é o desafio do Brasil. É o desafio de todos nós.
Azuaite Martins de França, 2º vice-presidente do Centro do Professorado Paulista e vereador por São Carlos – partido Cidadania