Claudia Siqueira

Crianças, jovens e adultos se encontram para simplesmente trocarem figurinhas! Espaços públicos tornam-se pontos de encontro, shoppings abrem espaços para a troca para não ficarem de fora, praças ganham uma nova função!

É isso! Competências sociais na veia! Frustração, expectativa, negociação, resiliência, argumentação são algumas das soft skills que esta turma está ativamente exercitando.

Mas como a escola que é o 2º núcleo social de convívio de uma criança pode usar a seu favor esse fenômeno como uma oportunidade de aprendizagem?

Sim! O álbum de figurinhas da Copa do Mundo pode e deve ser uma ferramenta para trazer mais sentido e significado para o ato de aprender.

Pesquisas recentes sobre a exposição e tempo em frente à tela mostram que a pandemia potencializou o uso recreativo da tecnologia, mas o excesso tem causado muitos prejuízos que já existem grupos de reabilitação de dependência tecnológica. Diante desse cenário, porque não pensar que um ritual quase que primitivo de colecionar e trocar é hoje o melhor recurso e aliado nesta grande batalha que tem como foco a reabilitação social, após estes dois anos de pandemia.

É isso mesmo! Estamos hoje conseguindo restabelecer o contato humano com uma atividade extremamente simples.

Escolas deveriam olhar para este fenômeno mundial e usá-lo com mais intenção e assertividade já que é indiscutível que o engajamento dos estudantes seria um bom indicador. Até porque já existem muitas evidências que o álbum está tirando as crianças e jovens de suas casas, fazendo com que eles conheçam novas pessoas, acordem mais cedo para irem aos pontos de troca, e descubram outros lugares da cidade, entre outros benefícios.

Imaginem se a escola absorver o álbum como recurso para aprender diferentes conteúdos e abordar temas como numeração, conceito de par e impar, geografia física, história dos países participantes, política antirracista, estimativas… e a lista não para por aqui, na realidade, começa! E não usando o álbum como pretexto para aprender, mas como contexto, porque seria uma evidência relevante mostrar que a escola pode e deve dialogar com a realidade,  com a atualidade e escolher educar para a vida.

Que bom que temos a Copa para nos ajudar a retomarmos a nossa humanidade, para nos relembrarmos que interagir, integrar e socializar são necessidades humanas.

E você? Topa um “bafo”? Tenho um monte de repetidas!

Cláudia Siqueira é historiadora e pedagoga, fez magistério com especialização em gestão escolar. É pós-graduada em “Aperfeiçoamento de Docentes de Ensino Fundamental” pela PUC e em “Pedagogia de Projetos e Tecnologias Educacionais” pela USP. Tem como foco de pesquisa e estudo “Inovação em Educação”. Fez especialização em Primeira Infância em Harvard.