“A educação para a cidadania é o antídoto para combater notícias falsas. Por meio da alfabetização midiática, pode-se obter ferramentas para desenvolver o pensamento crítico e sistêmico. Se quisermos combater a doutrinação, precisamos ensinar a pensar, porque em tempos de inteligência artificial é fundamental formar cidadãos críticos, seres humanos que saibam pensar e discutir políticas públicas criteriosamente.”
A explicação é de Cláudia Costin, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Uma das especialistas presentes no seminário “Beyond Fake News – Em Busca de Soluções”, realizado pela BBC News Brasil, na terça-feira (12), em São Paulo.
Cláudia é neta de sobreviventes do Holocausto e contou que as notícias falsas foram amplamente propagadas desde a 1ª Guerra Mundial. “O foco da produção de inverdades é incitar ódio, motivar a guerra e atingir objetivos políticos”, acrescentou a especialista.
Jornalistas e pesquisadores renomados fizeram parte do seminário sobre desinformação, que teve como anfitrião o diretor do BBC World Service Group, Jamie Angus, que, ao abrir o evento, destacou a importância da imprensa livre no combate às fake news. “Precisamos reafirmar e valorizar a liberdade de imprensa e o respeito pela verdade e pelos fatos. A desinformação compartilhada nas redes pode causar mortes”, afirmou Angus.
A grande estrela do evento foi o projeto da BBC que incentiva os estudantes do ensino fundamental e médio a lerem criticamente uma notícia e identificarem, sem dificuldade, uma fake news, mal que prejudica tanto o processo democrático como a segurança do povo e da nação como um todo. É sabido, mundialmente, que a ausência do senso crítico colabora para que mentiras se espalhem na internet.
O projeto denominado “media literacy” , pertence à Beyond Fake News, campanha promovida pelo Serviço Mundial da BBC, que transmite conteúdo em mais de quarenta idiomas no mundo inteiro. A media literacy já passou por outros países incluindo Índia, Quênia e Nigéria. O Brasil é o quarto país a receber a iniciativa.
O projeto contará com a realização de oficinas em escolas com exposição de vídeos em sala de aula tendo jornalistas como professores, que promoverão encontros interativos, com diferentes atividades.
“Queremos que os alunos tenham habilidade para fazer uma leitura crítica da notícia”, afirmou a jornalista Paula Adamo Idoeta, coordenadora do projeto no Brasil.