Atualizado em 29 maio, 2023 às 13:49

Arte: Envato

Repugnante é o mínimo que se pode dizer da insidiosa perseguição sofrida pelo jogador brasileiro Vini Jr. vítima recorrente de ataques racistas na Espanha. A agressão atingiu seu ápice no último domingo, em Valência, durante a partida entre o Real Madrid e o time daquela cidade.

Alvo de cânticos racistas vindos da torcida do Valência, o atleta de 21 anos viu repetir-se uma situação que se tornou rotineira em estádios espanhóis, onde na atual temporada ele foi atacado por dez vezes em seis localidades da Espanha.

Desta vez, a omissão de La Liga – a segunda liga de futebol mais importante do mundo – e a hesitação do Real Madrid em tomar de imediato uma posição em defesa do jogador, apenas serviram para expor a degradante “normalização” das atitudes racistas na Espanha. Não é admissível que depois de tantos episódios seguidos, a impunidade dos agressores perdure.

Há, porém, algo de novo nesta mais recente ocorrência: a reação de governos, ampliando a repercussão do fato – agora não mais uma questão para ser tratada no mundo do futebol, onde agressões costumam ser relativizadas no “faz de conta” dos estádios. Mas, sim, um tema do mundo real em que o racismo transpõe fronteiras e é atemporal.

O racismo é impulsionado pelos ventos fascistas que sopram no planeta exalando ódio e discriminação. Contê-los, sem mais tardar, é um desafio a ser assumido por todos e em especial pelos verdadeiros educadores em sua missão fundamental de formarem as novas gerações. Não basta ser contra o racismo, é preciso combatê-lo. No Brasil inclusive, onde a democracia racial jamais existiu.

Vini Jr. merece a solidariedade de todos, o desagravo mais veemente pelas agressões sofridas. A cada vez que se reveem as cenas lamentáveis dos estádios espanhóis, tanto mais se adquire a certeza de que o racismo é um mal que precisa ser cortado pela raiz. Com a identificação e punição dos agressores e penalização das instituições que permitiram até hoje a ação dos criminosos.

* Azuaite Martins de França é segundo vice-presidente do CPP e diretor da sede regional de São Carlos