Parte das famílias já decidiu não mandar os filhos para aulas presenciais por medo. Elas avaliam que o cenário não é favorável ao retorno e temem a nova variante do coronavírus. A regra de volta obrigatória, definida pelo Conselho Estadual de Educação e revogada na última sexta-feira (22), havia desagradado a essas famílias, que cogitavam até mandado de segurança pelo retorno presencial.
“Esse assunto estava fazendo minha família não dormir”, disse Carolina Verginelli, de 45 anos, mãe de duas crianças matriculadas em escolas particulares. Carolina tem comorbidade e ajuda a cuidar dos pais, idosos. Em abril, teve a Covid-19 e disse que foi uma trauma. “Fiquei internada 8 dias. Tive pneumonia severa, não gosto nem de lembrar.” Segundo conta, as crianças, de 13 e 9 anos, se adaptaram bem às aulas remotas e devem manter os estudos em casa.
Mãe de três meninas, a engenheira química Isabella do Valle, de 40 anos, também não pretende mandar as crianças para a escola. Ela considera que, mesmo com protocolos sanitários, há possibilidade de contaminação no colégio e tem receio da nova variante do vírus. “Fazemos home office e não saímos para nada. Ficamos trancados em casa, minhas férias foram da sala para a cozinha.” Segundo conta, até mesmo as crianças estavam com medo de voltar às atividades presenciais e levar o vírus para casa.
“Acho que agora é o pior momento para se voltar às aulas”, diz a artesã Telma Camilo, de 49 anos. O marido é idoso e tem comorbidades. A filha Maria, de 10 anos, estuda no Colégio Santa Maria, que já havia indicado que não seguiria a regra de obrigar o retorno presencial, mesmo antes de o governo recuar sobre este ponto. Segundo a diretora, Diane Clay Cundiff, a decisão sobre mandar ou não os filhos para a escola deve ser da família. “Ela sabe mais do qualquer um a fragilidade do filho.”
Já a cozinheira Mayra Abbondanza, de 43 anos, vai aderir à volta presencial no Colégio Santa Cruz. Mãe de três crianças e dois adolescentes, Mayra diz que eles sentem falta do convívio. Também pondera que a família já flexibilizou contatos fez, por exemplo, viagem de avião, o que tornaria incoerente não voltar à escola.
Fonte: O Estado de São Paulo