Deputados da Comissão de Educação da Câmara Federal estão se articulando para derrubar no Congresso o veto do presidente Jair Bolsonaro ao reajuste da merenda escolar. O valor que o governo repassa para estados e municípios não é atualizado há cinco anos e precisa ser corrigido pela inflação acumulada no período. Desde o veto, o Centro do Professorado Paulista (CPP) tem se posicionado veementemente contra a medida de Bolsonaro, que prejudicará tanto a nutrição quanto o desempenho escolar dos alunos.
No Brasil, 41 milhões de crianças de escolas públicas são atendidas pela merenda escolar. Na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2023, aprovada no Congresso em julho, estava previsto reajuste de 34% do repasse da merenda.
“A caristia afeta principalmente o bolso dos mais pobres. Nos últimos 12 meses, o ovo, a principal mistura destes últimos, subiu 202%, pasmem; o leite, 77,84%; a cebola, 40%; o arroz, 39,58%; e a batata inglesa, 29,89%; para citar alguns exemplos”, diz o professor Azuaite Martins de França, segundo vice-presidente do CPP e ex-presidente do Conselho Estadual de Alimentação Escolar (veja abaixo o vídeo do professor criticando o veto).
“A inflação atinge os mais pobres, e estes precisam ser socorridos. Desde 2017 não é reajustado o valor repassado para a merenda escolar. O veto de Bolsonaro ao reajuste de 34% no repasse para a merenda é falta de alma, coração e sensibilidade. É não querer olhar para o pobre, para o estudante, para as crianças”, finaliza Azuaite.
Reportagem da edição de terça-feira 23 do Jornal Hoje, da TV Globo, mostra que nas escolas do país o cardápio é alterado com frequência em razão da alta no preço dos alimentos, que tiveram acréscimo de 9,83% de janeiro a julho deste ano e de 46,88% no acumulado de janeiro de 2017 a julho deste ano. Em algumas escolas, os pais chegam a doar dinheiro para ajudar na incrementação do cardápio para as crianças.
Mais da metade destes (41 milhões de) alunos têm a refeição mais importante do dia na escola. É importante que as escolas públicas de todo o país consigam continuar a fornecer um alimento nutritivo e saboroso para todas as crianças – disse à TV Globo Daniel Balaban, diretor e representante do Programa Mundial de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU).
O Congresso ainda não tem data marcada para a votação do veto de Bolsonaro à verba destinada à merenda escolar.
Assista abaixo ao vídeo do professor Azuaite.