Helenira Paulino
O museu ou centro cultural pode ser um local de entretenimento, mas é também, e talvez o seja antes de tudo, um centro de pesquisa, preservação e apresentação de objetos, documentos e experiências que, de algum modo, se tornam caros à sociedade.
Quais seriam, então, as relações possíveis entre esses dois espaços institucionais tão presentes na sociedade moderna (e pós-moderna): o museu (nos restringiremos a pensar o museu de artes visuais) e a escola? Como uma instituição se beneficia da existência da outra?
Em sala de aula, o professor pode propor experiências e ações criativas, sugerir que seus alunos pintem, desenhem, façam esculturas ou instalações.
A história e a teoria, desde cedo e de forma simples, entram no cotidiano: ao mostrar reproduções de obras, o professor contribuiu para a ampliação do repertório visual do grupo, além de discutir problemas e soluções colocados pelos artistas dentro dos seus contextos.
Assim, a ida a um museu pode ser um complemento ao trabalho desenvolvido em sala de aula. As reproduções de trabalhos são muito úteis, mas a elas escapam detalhes, texturas e a própria materialidade da obra de arte, que permite a real vivência da experiência proposta pelo artista.
Nesses espaços culturais, o conhecimento se constrói no embate entre sujeito e objeto.
Outro ponto a ser considerado é a importância de a escola ampliar seus muros e tornar a cidade um campo para o conhecimento por meio do estímulo para que crianças e adolescentes frequentem espaços públicos e, assim, se apropriem das instituições urbanas como locais para reflexão, entretenimento e convivência social.
Entretanto, para que todas essas questões se manifestem numa saída da escola, a participação do professor é fundamental. O planejamento começa ao escolher a instituição a ser visitada e, para tal, é preciso conhecê-la. Internet e guias podem oferecer informações iniciais importantes, como o foco (arte contemporânea, moderna ou a obra de um artista específico), se há ou não acervo, se as exposições são temporárias ou permanentes, que mostra estará em cartaz na data pretendida.
Uma visita inicial é de grande utilidade, pois é possível avaliar se o espaço e a exposição estão adequados à faixa etária do grupo e à proposta do encontro.
A maior parte dos museus oferece ao público visitas orientadas às exposições com profissionais especializados e preparados. A parceria entre o professor e o educador (ou monitor) da instituição é rica, pois alia diferentes saberes em benefício do grupo: cada profissional contribui com suas experiências e conhecimentos gerando um ambiente propício à troca.
Conhecer, antes da visita com os alunos, as propostas dos setores educativos também pode ser interessante – muitos deles disponibilizam materiais didáticos, encontros, cursos e oficinas para professores, contribuindo para a aproximação entre museu/escola.
Cabe também investigar como se dão as visitas orientadas em cada instituição: quais são as diretrizes pedagógicas, qual é o tempo de duração, se há oficina prática ou roteiros de visita, qual é a faixa etária atendida. Enfim, é necessário que a escola conheça a instituição para que possa conversar com seus alunos.
Essa pesquisa pode ser feita em conjunto ou compartilhada com o grupo, assim, as crianças saberão a que lugar estão indo e por que o estão fazendo. Alguns pontos podem ser levantados para que elas estejam atentas e possam retomá-los ao voltar do passeio, tanto em relação às obras vistas quanto ao trajeto até o museu, à arquitetura e ao espaço.
Durante a visita, o professor continua a exercer um papel fundamental, ele conhece o grupo e pode ajudar o educador na relação com as crianças, sua presença contribuirá para uma continuidade em sala de aula das discussões iniciadas perante as obras.
A visita orientada a um museu é um encontro de potencialidades: as discussões, observações e sensações partem do olhar atento às obras. Cabe aos educadores fornecer informações e, mais importante, criar um ambiente em que as potências da obra e do público se encontrem. A fala e a escuta são instrumentos fundamentais. Aliadas à prática criativa podem gerar um encontro e, talvez, um acontecimento.
Helenira é graduada em Artes Visuais