Janguiê Diniz

 

Durante anos, e com o crescimento econômico vivido pelo Brasil, a importância da melhoria e do desenvolvimento da educação deixou de ser uma bandeira apenas das instituições e escolas particulares para ser o diferencial para o desenvolvimento do país. Por cerca de uma década, programas de aceleração para atingir as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) foram criados e incentivados e milhares de jovens e adultos puderam ingressar no ensino técnico e superior.

 

Nos últimos 15 anos, a educação brasileira alcançou algumas conquistas importantes para melhorar seus índices. A criação de um fundo de financiamento para toda a educação básica (o Fundeb); um sistema de avaliação consolidado, o Enem; e metas de aprendizagem, instituídas pelo PNE para todos os níveis. Ainda assim, o Brasil ainda está bem distante da educação oferecida pelos países desenvolvidos e que estão no topo da educação mundial.

 

Por que a educação faz tanta diferença? Porque ela afeta todos os demais setores da sociedade. Incide sobre a qualidade da representação política, a distribuição de renda, o desenvolvimento econômico e o discernimento da justiça social. Porque quando se tem educação, a tendência é que se exija mais qualidade em todos os setores do país.

 

No Brasil, a preocupação com a educação só virou política de governo nos anos 30, cm Getúlio Vargas, que criou o primeiro Ministério da Educação. Isso significa 100 anos depois de outros países latino-americanos e 150 anos depois da Europa. Hoje, ainda é preciso superar os dois extremos característicos da educação brasileira: o enfrentamento do analfabetismo – principalmente o funcional – e as desigualdades educacionais que impedem o acesso e o exercício da cidadania plena pela falta de conhecimentos.

 

A necessidade de alcançarmos uma educação de qualidade para todos é consenso entre a sociedade brasileira e precisa ser prioridade não apenas nos discursos de políticos. Infelizmente, programas criados para acelerar o alcance das metas e o investimento em educação foram reduzidos ou cortados. Junto com eles, perdemos um pouco a esperança de continuarmos a desenvolver o país de forma justa e democrática, concedendo a todos condições para entender os contextos históricos, sociais e econômicos em que estão inseridos.

 

Queremos acreditar que está é uma situação temporária e que, em breve, a educação se tornará prioridade e será entendida, de fato, como agente transformador. Só assim mudaremos definitivamente o perfil social do Brasil.

 

Janguiê é mestre, doutor em direito e presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional