Um país que quer crescer e se transformar em protagonista no cenário internacional precisa tratar a educação como prioridade. A China, que por décadas ficou à mercê do subdesenvolvimento, teve um crescimento intenso a partir de uma verdadeira revolução educacional que contemplou a maioria absoluta da população. Hoje, 99,1% das crianças chinesas estão nas escolas primárias e 94,3% nas séries intermediárias do ensino fundamental. A preocupação chinesa com educação de qualidade foi comprovada em 2012, quando a nação liderou o ranking do Pisa (programa Internacional de Avaliação dos Estudantes), em que alunos foram avaliados nas provas de matemática, leitura e ciências. Atualmente, a China é a segunda nação mais rica do mundo, com o PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 8,2 trilhões, só perdendo para os Estados Unidos, com US$ 15,6 trilhões de PIB.
No quesito educação, portanto , o Brasil está muito aquém das nações mais desenvolvidas do mundo. No Pisa, os resultados são pífios. A situação do ensino público, muitas vezes, é de dar dó. Exemplos para isso não faltam e não é necessário ir aos longíquos cantos do país para se estarrecer com a realidade de nossas escolas. Várias capitais brasileiras sofrem com a falta de professores nas salas de aula, principalmente em matérias como matemática, português, geografia, química educação artística. Esta é uma realidade que prejudica a formação dos estudantes brasileiros. Os profissionais dessas áreas , por exemplo, estão preferindo atuar no mundo corporativo, onde são oferecidos salários mais justos, além de um plano de carreira consolidado, do que enfrentar a falta de infraestrutura que afeta o magistério do país. Por conta disso, os alunos vão acumulando deficiências ano a ano, o que desemboca nos péssimos resultados nas avaliações nacionais e internacionais.
De acordo com análise de especialistas em educação, não adianta realizar planejamentos curriculares sofisticados se não for solucionada a escassez de mão de obra para o ensino público, o que passa pelo eterno problema da remuneração mais justa. Enquanto a estrutura de ensino no Brasil não se modificar e a educação não for tratada como prioridade no país, os graves problemas sociais vão continuar a atormentar a população brasileira.
Ponto de Vista de Luiz Gonzaga Bertelli, é presidente-executivo do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE, da Academia Paulista de História – APH e diretor da FIESP, publicação deste domingo (25), no jornal Diário de São Paulo.