A retomada das aulas presenciais tem sido irregular e incerta porque depende da situação local da pandemia e da pressão política e pública pela reabertura das unidades de ensino. Essa situação levou a um abre e fecha das escolas, tanto particulares quanto públicas, causando impacto na percepção dos profissionais da educação, estudantes e familiares sobre a eficácia do ensino e da aprendizagem.

A pergunta recorrente: o fechamento das escolas trará consequências para a aprendizagem dos alunos? 

Sentimento e percepção dos professores brasileiros nos diferentes estágios do coronavírus no Brasil

• 88% dos professores nunca tinham dado aula a distância de forma remota antes da paralisação das aulas presenciais;

• 83,4% dos professores se sentem nada ou pouco preparados para ensinar de forma remota;

• 75% dos professores não receberam suporte emocional; cerca de metade dos entrevistados tem essa demanda;

• 55% não receberam treinamento para ensino a distância da escola, sendo que a maior demanda deles é justamente por esse treinamento (75%).

Instituto Península. De 13 de abril a 14 de maio, e divulgada em 2 de junho. A pesquisa foi feita com 7.773 professores das redes municipais, estaduais e particulares do Ensino Infantil ao Ensino Médio de todos os estados do Brasil, que responderam a um questionário on-line com 24 perguntas. O método utilizado foi o quantitativo, por meio de um survey on-line e de uma amostra por conveniência.

No Estado de São Paulo as orientações legais evidenciam muitos problemas e, portanto, provocam insegurança, geram incertezas. Escolas abertas, mas:

– A possibilidade de revezamento dos estudantes não é seguida por medida que garanta o controle do fluxo uma vez que as escolas têm poucos funcionários. A ideia do governo para resolver esse problema foi a contratação por tempo determinado de familiares para trabalhar meio período. Não vamos ser pessimistas, mas, eles não conhecem o cotidiano da escola, não têm prática, não receberam capacitação para atuar de acordo com os protocolos sanitários.  

– A volta dos professores e professoras vacinados, mas, junto com profissionais, estudantes e familiares que não tomaram a vacina. Segurança garantida?

– A observação da distância mínima de um metro entre pessoas, em todos os ambientes escolares, mas, para cumprir a determinação, toda a área construída da escola deve ser considerada.

– A contratação de novos profissionais, mas, por tempo indeterminado, sem capacitação, sem que haja um tempo para que possam conhecer os colegas e, depois, seus alunos e alunas.

O exame das orientações do governo desde o início do isolamento social traz um conjunto de ideias, mas não evidencia um projeto estruturado, discutido com a rede, focado nas necessidades reais dos profissionais da educação, familiares e estudantes.

As estratégias de aumento intensivo de tempo ou dos recursos tecnológicos foram insuficientes.

De fato, caminhos promissores associados a diagnósticos, intervenções estruturadas adequadas ao perfil dos professores e professoras, não foram projetados, assim como medidas efetivas para melhor aproveitamento dos deveres de casa, a redução do absenteísmo e capacitação de alta qualidade não foram encaminhadas.

Será que o presente está acenando para o futuro do ensino público de boa qualidade que não poderá ser?  

Maria Claudia Junqueira, Coordenadora do Encontro dos Representantes de Escola

Instituto Península. https://www.institutopeninsula.org.br/ Acesso em 10 de agosto de 2021

Resolução SEDUC 65, de 26-07-2021. Dispõe sobre a realização das aulas e atividades presenciais nas instituições de educação básica no segundo semestre do ano letivo de 2021, no contexto da pandemia de COVID-19, nos termos do Decreto Estadual nº 65.384/2020 alterado pelo Decreto Estadual nº 65.849/2021, e dá providências correlatas. D.O.E. 27/07/2021 – SEÇÃO I – PAG 16.