Não servem para grande coisas escolas em que os alunos acham que dá para aprender sem esforço, na mais pura moleza.

Essa é, infelizmente, a realidade de muitas instituições públicas no país. Por isso, deve ser elogiado o plano da Prefeitura de São Paulo de mudar o sistema de educação atual.  A gestão de Fernando Haddad (PT) quer rever a ideia da progressão continuada.

Ela foi criada para evitar que os alunos desistissem de frequentar a escola. Na teoria, esse modelo definia ciclos de aprendizagem. Sem chance de repetir de ano, o aluno ganharia maior motivação para aprender.

Na prática, ficou criada a aprovação automática. Muitas vezes, os alunos não estavam nem aí para os professores. Eles também já não se importavam muito em ensinar, pois sabiam que todos iriam passar de ano mesmo.

Se funcionou para reduzir o número de gente que abandona a escola, que hoje está perto do zero, a progressão continuada não ajudou a melhorar a formação dos estudantes.

Só dois de cada dez alunos que  terminam o ensino fundamental entendem bem o português. Apenas um domina a matemática.

A ideia da prefeitura com o programa Mais Educação é diminuir os ciclos, hoje em quatro anos, para a metade disso. Desse jeito, dá para corrigir os problemas dos alunos mais rápido.

Também há a sugestão de voltar a adotar notas de 0 a 10, não mais conceitos como “satisfatório” e “não satisfatório”, e de entregar boletins para os pais a cada bimestre.

Isso tudo parece bom. Mas é fundamental ter professores bem treinados para que a aposta dê certo. Escola, afinal de contas, é lugar de ensinar e aprender.

Editorial do jornal Agora São Paulo, publicado nesta segunda-feira (26 de agosto).

SECOM/CPP