Grupo Juntos Somos Mais Fortes vai discutir o retorno às aulas; participe
O Grupo ‘Juntos Somos Mais Fortes’, composto pelas entidades CPP, Apase, Afuse, Apampesp, Apeoesp e Udemo, realizará live “extraordinária’, nesta quarta-feira (11), por preocupação com a disseminação da Covid-19 no retorno às aulas presenciais. Desde julho, em reunião constante, os representantes dos professores e profissionais da Educação descartam à volta às aulas presenciais neste momento da pandemia, quando a variante Delta vem se espalhando. Educadores alegam que muitos ainda não terão tomado a segunda dose da vacina, o que coloca em risco toda a comunidade escolar.
Assim como o Departamento Jurídico do Centro do Professorado Paulista, as outras cinco entidades prometem defender na Justiça todos os educadores que forem questionados por se recusarem a voltar à modalidade presencial. “Já temos uma ação nesse sentido, se houver alguém questionado, será defendido. Vamos aguardar os acontecimentos”, afirma o vice-presidente do CPP, Silvio dos Santos Martins.
O encontro virtual sinalizou que os representantes das entidades continuam com a mesma posição de que a categoria não terá condições de voltar às aulas presenciais em agosto, como previsto pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Os docentes concordaram que não aceitarão ser expostos à infecção. “Pelo menos enquanto não tivermos 75% da população imunizada e 100% da comunidade escolar vacinada, as aulas devem continuar a distância”, afirma o grupo.
Diante da insistência do secretário da Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares, retornar as aulas presenciais em 2 de agosto, a professora Loretana Paolieri Pancera, primeira vice-presidente do Centro do Professorado Paulista, ressalta a importância de termos segurança com alto percentual de pessoas imunizadas para o retorno às aulas. “Enquanto houver alunos e profissionais da Educação sem ser vacinados, não se deve falar em retorno. A realidade das escolas é muito diferente. Não existe equipamento de proteção para todos, muito menos funcionários para limpeza constante”, diz.
A professora Maria Lucia de Almeida, terceira vice-presidente do CPP, lembrou que a preocupação não se deve apenas com a vacinação para todos, mas, também, a infraestrutura das escolas e o cumprimento dos demais itens do protocolo recomendado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que garante condições adequadas de segurança sanitária para toda comunidade que transita nas escolas.
MOTIVOS DA UNANIMIDADE PELO ‘NÃO RETORNO ÀS AULAS’
1. As escolas públicas estaduais ainda não atendem integralmente ao Protocolo Sanitário Setorial da Educação, exigido pelo próprio governo do estado de São Paulo: distanciamento social, higiene pessoal, limpeza e higienização de ambientes, ventilação adequada (sem usar os ventiladores), comunicação com as famílias, monitoramento das condições de saúde. As escolas não têm os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados: máscaras e face shields indicados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Muitas delas não têm sequer água, sabão e papel higiênico. Todas, sem exceção, não têm o módulo de funcionários completo (faltam 17.463 funcionários na rede) para monitoramento e orientação aos estudantes. Os poucos funcionários das escolas não receberam treinamento para atuar nessa situação excepcional.
2. Estudo recente da Rede de Pesquisa Solidária (nota técnica 32) instituiu o Índice de Segurança do Retorno às Aulas Presenciais (ISRAP) e mostra que o estado de São Paulo recebeu nota 46,5 (numa escala de 0 a 100), abaixo da média dos estados do País, que é de 56,8, no quesito “Medidas de segurança adotadas para reabertura de escolas”. Portanto, foram insuficientes as medidas tomadas em São Paulo contra a Covid-19, o que compromete o retorno seguro das atividades presenciais nas escolas.
3. O retorno de atividades presenciais deve estar vinculado à imunização de todos os alunos e profissionais da educação e da vacinação de pelo menos 75% da população adulta total. O estudo feito no município de Serrana, no interior paulista, provou o que a ciência já vinha alertando: com 100% da população adulta vacinada, os casos de Covid-19 despencaram, o número de óbitos praticamente zerou, gerando proteção comunitária inclusive aos grupos não vacinados, como as crianças.
4. Finalmente, com fundamento no Protocolo Sanitário do Governo do Estado de São Paulo, nos estudos recentes sobre os requisitos necessários para o retorno presencial seguro e levando em conta a precária infraestrutura das nossas escolas, as insuficientes medidas tomadas pela Seduc (Secretaria Estadual de Educação) e pelo governador do Estado no combate à pandemia, o Grupo, em respeito à vida das nossas crianças e da população em geral, mantém a sua posição contrária à retomada de atividades presenciais nesse momento.
Confira o boletim com a decisão: “Sem imunização, não ao retorno de atividades presenciais”.