No dia 23 de fevereiro os representantes do Fórum Municipal de Educação – FME se reuniram para fazer uma avaliação da volta às aulas presenciais na rede municipal de ensino e traçar estratégias de atuação durante esse ano.

Vou resumir os depoimentos dos professores e professoras representantes das DREs, das entidades do magistério, dos estudantes e de membros da sociedade civil. Elas falam por si:

    * Ao chegarem à escola todos e todas foram pegos de surpresa, não sabiam do problema do vencimento do contrato de limpeza e a situação da merenda.

    * As informações entre Unidades Básicas de Saúde – UBS e secretaria são desencontradas. Não se sabe qual o nível de contaminação na escola e na comunidade ao redor.

    * Famílias chegaram em muitas escolas e quando viram a situação de conservação, da infraestrutura, levaram seus filhos embora. Muitas unidades tiveram o seu quadro de profissionais que atuam na limpeza diminuído.

    * Nas escolas das crianças menores a situação é pior. As famílias e crianças se depararam com um grau de improvisação inaceitável. Profissionais mantendo distância das crianças pequenas por estarem inseguros e sem proteção adequada, situação incompatível com o tipo de relacionamento a ser mantido nesse nível.

     * Quando uma pessoa é detectada ou suspeita de estar com Covid, não é feita a confirmação e o rastreamento de outros casos (testes).

     * Nada foi feito para resgatar as perdas sofridas pelos estudantes que não assistiram nenhuma aula on-line.

Desalento, medo, incerteza, revolta.

É falsa a dicotomia volta às aulas presenciais ou manutenção do ensino remoto. A pandemia expôs a fragilidade da educação pública, a precariedade da infraestrutura das escolas, a situação de desalento da categoria, a falta de atenção aos estudantes, principalmente aos vulneráveis.

Educação não se resume a conteúdo, avaliação/recuperação, quadro negro e giz. Voltar no meio de uma pandemia? Não, mas não é isso que queremos discutir. Queremos discutir os cortes de verbas, a perda dos direitos da categoria, a insensível atitude daqueles e daquelas que agora se dizem preocupados com os estudantes em situação de vulnerabilidade. A Educação é direito Constitucional de todos os brasileiros e brasileiras. Esse é o DEBATE.

Professora Maria Claudia de A. V. Junqueira, diretora, conselheira e coordenadora do Encontro dos Representantes de Escola