Miguel Barbosa tem 10 anos, estuda no Colégio Adventista de Mauá e possui uma coletânea de histórias infantis de fantasia e ficção que se deslocam entre o real e o abstrato
No mês de comemoração do Dia das Crianças a história de Miguel Barbosa, de 10 anos, é um presente. Quando Jéssica Magalhães (34) observou o filho, Miguel Barbosa aos 3 anos de idade fingir que seus brinquedos eram violinos, ela sabia que a imaginação dele era diferente. Anos mais tarde, ela estaria confirmando sua intuição enquanto produzia as ilustrações dos livros infantis criados por ele dentro de casa.
Aluno do Colégio Adventista de Mauá, Miguel escreveu sua primeira história com apenas 5 anos de idade. Chamado de O Castelo Mágico, a narrativa conta as aventuras de três amigos que passam os dias desvendando os mistérios do local onde vivem. Os personagens são inspirados na irmã e nos amigos de Miguel e o cenário representa seu dia a dia.
Com 7 anos, Miguel apresentou sua segunda história. Intitulado de O Mistério das Pirâmides e mais uma vez tendo um grupo de amigos como foco principal, o leitor acompanha uma noite do pijama que se transformou em uma aventura com os personagens dentro de uma nave espacial, que os leva até o Egito para desvendar mistérios.
Aos 8 anos, Miguel deu vida a história do Bebê Elefante e a Bola da Confusão, inspirada em fatos reais. “Criamos essa história juntos depois de um passeio conturbado em família. Miguel transformou em ficção toda a situação e nomeou o livro como uma reflexão para as crianças não desobedecerem aos pais”, conta Jéssica.
A quarta obra criada pela imaginação de Miguel, é o que a mãe acredita ser a transição em que o filho começou a experienciar de dentro para fora de si mesmo. Na história O Mundo do Trompete, a musicista Sofia embarca em um caminho de fantasia e sonhos com seus amigos, e o final traz ao leitor mirim uma lição sobre como encontrar o seu próprio caminho no mundo, respeitando suas habilidades e talentos.
Seu último livro, ainda sem ilustração, possui um contato com o abstrato e a reflexão da infância diante do mundo adulto. Em A Vila das Cores, os materiais escolares foram a escolha do autor Miguel para contar uma história sobre como o ego e a soberba podem destruir o espaço coletivo. Quando uma briga acontece entre os lápis, canetas, pincéis e colas, a vila acaba se destruindo e ficando imersa em solidão e tristeza.
Mesmo com o lado literário bem desenvolvido e com pouca idade, Miguel diz que não quer seguir a carreira de escritor. “Escrever histórias infantis vem de um sonho que ele tem em levar o acesso livre à leitura para crianças”, conta a mãe. No entanto, Miguel pretende ser neurocirurgião e, de acordo com o simulado online para licenciatura em Matemática realizado recentemente, ele já está no caminho.
Miguel treina as habilidades de escrita com o Projeto de Redação oferecido pelas unidades do ABC do Colégio Adventista, que tem como princípio acadêmico incentivar as práticas de escrita e leitura e apresentar os recursos linguísticos – seja na escrita ou no discurso – para toda a comunidade escolar. O caminho é por meio da escrita dos textos propostos pelos professores, de vídeos registrados em todo o processo criativo e, finalmente, da publicação de um e-book como registro e identidade de cada aluno. “Para além do prêmio, é urgente a necessidade de valorizar o aluno e a sua produção de texto”, aponta Marizane Piergentille, diretora de educação do Colégio Adventista. “Autor só é autor se for lido e isso começa dentro de casa e no ambiente escolar. Por isso, a primeira e principal valorização é a certeza de que isso será feito”, finaliza.