Foto: MEC

Milton Ribeiro, que ocupou a pasta no governo Bolsonaro, entre julho de 2020 e março de 2022, é acusado de tráfico de influência e corrupção

Foi preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (22), pela Polícia Federal, o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. A detenção ocorreu por meio da operação “Acesso Pago”, cujo objetivo é investigar a prática de tráfico de influência e corrupção para liberação de recursos públicos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

O mandado de prisão fundamenta crimes de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência na gestão de Ribeiro, que teve áudio revelado pelo jornal Folha de S. Paulo sobre envolvimento em esquema de favorecimento a pastores no Ministério da Educação (MEC).

Na conversa gravada, o então ministro afirma que recebeu pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL) para que a liberação de verbas da pasta fosse direcionada para prefeituras específicas a partir de negociações feitas por dois pastores evangélicos sem cargo no governo federal.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse Ribeiro, na ocasião. 

O ministro continuou: “Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar.”

A conversa registra que o ministro indicava que, com a liberação de recursos, poderia haver contrapartida: “O apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção de igrejas”. 

Milton Ribeiro deixou o MEC em 28 de março após o escândalo, que indicou que pastores queriam propina até em bíblias. O caso veio à tona em entrevista dos prefeitos Kelton Pinheiro, de Bonfinópolis (GO), e José Manoel de Souza, de Boa Esperança do Sul (SP), em entrevista ao jornal O Globo.

Segundo eles, o pastor Arilton Moura chegou a pedir R$ 15 mil e R$ 40 mil de propina para a liberação de recursos que os municípios precisavam.

A defesa do ex-ministro alega que não teve acesso à decisão da PF.