Entre tanta tecnologia, a adolescência segue um período de turbulências e conflitos, manifestado no enfrentamento de regras e de disciplinas do mundo adulto.
Basta a observação sobre os alunos do ensino médio no horário da saída das escolas públicas. Em um panorama lamentável de educação nacional, este é o show sonoro e caótico que não tem fim. Em escolas particulares o ambiente é um pouco melhor, mas há os transportes particulares que congestionam as portas dos colégios, cujos alunos, num comportamento finamente engessado, voltam para casa.
O filme muda quando carros do ano, em fila dupla, favorecem a competição por vagas. Você deve estar se perguntando, caro leitor, qual a diferença então entre as duas instituições: pública ou privada. Diria que a maquilagem da ansiedade distingue as duas equipes. Uma veste a crença pelo milagre da educação que não compete apenas às escolas e suas diretrizes e a outra veste prada, aparência envernizada pelos poderosos capitalistas.
Em um cenário degradante, as universidades vêm se deparando com a lamentável realidade que os jovens saem de casa a passeio e o destino é o mundo acadêmico. Ambientes estimulados pelos interesses financeiros dos comerciantes que se preocupam com lucro e fama, os proprietários dos bares e restaurantes que circundam os espaços universitários buscam, com esmero, a contratação dos melhores músicos profissionais de todos os ritmos das paradas de sucesso, ganhando impulso e estímulos nas portadas das batizadas “facul”.
Berço de vários grupos-fãs dos shows que competem com o ensino, as estratégias pedagógicas dos docentes universitários perdem força para os guetos estudantis. Mais um problema social que poderia ser aliviado por aplicação de leis que, de alguma forma, deveriam ser rigorosamente cumpridas.
Por Alzira Jorri Tomei é professora de Sociologia da Universidade Nove de Julho
Secom/CPP