Mais de 2 milhões de alunos da rede paulista de ensino acabam de realizar o Saresp. Esse exame avalia o aprendizado e, de quebra, define quais escolas receberão o bônus por desempenho pago pelo governo de São Paulo. Na época da prova, os professores costumam ficar tão ansiosos quanto os estudantes. É que o prêmio oferecido às unidades que cumprem suas metas educacionais é apetitoso. Acrescenta até 2,9 salários aos rendimentos anuais de docentes e outros funcionários da instituição.
O mecanismo, no entanto, ainda é alvo de polêmicas. Sindicatos, por exemplo, acham que é apenas um meio de rebaixar os salários reais. Muitos especialistas, por outro lado, elogiam o estímulo ao esforço individual. Do ponto de vista dos resultados, o assunto ainda dá muito pano para manga. Os estudos internacionais mostram que o bônus não resolve tudo. Em países com uma educação ruim, eles funcionam bem. Onde o ensino é mais avançado, no entanto, a premiação pode até atrapalhar.
Ou seja, o mecanismo é adequado para o Brasil e para o Estado de São Paulo. Mas não dá para apenas implantar o incentivo. É preciso saber como fazer isso. Sem os devidos cuidados, os professores podem começar a dar em aulas apenas o que vai cair no teste. Seria péssimo.
Também é preciso entender o quanto as notas são influenciadas por fatores como renda e escolaridade dos pais, quantidade de livros existentes na casa etc. Fazendo pesquisa para descobrir como dar o melhor estímulo, quem sabe o país receba, um dia, uma educação melhor como prêmio.
Editorial Jornal Agora São Paulo, publicação de 13 de novembro deste ano.
Secom/CPP