O Centro do Professorado Paulista (CPP) lamenta que venha encontrando eco no país a retórica de cultuar armas de fogo e repudia a tentativa de alguns de envolver as novas gerações em tal mentalidade, quando o que se deve buscar é o caminho inverso, de uma cultura de paz.

O posicionamento tem relação com o recente episódio em que, em pleno Dia das Crianças, a Polícia Fluminense decidiu realizar atividades com meninos e meninas filhos de PMs empunhando simulacros de fuzil e com coletes à prova de balas e capacete. O que se dizia ser uma alusão à profissão dos pais foi, na verdade, uma desastrosa apologia ao uso de armas.

Não passou pela cabeça dos promotores de tal evento distribuir livros e brinquedos saudáveis às crianças num país em que – segundo dados da Sociedade Brasileira de Pediatria – a cada 60 minutos uma criança ou adolescente morre em decorrência de ferimentos por arma de fogo. A cada duas horas uma criança ou adolescente dá entrada em um hospital da rede pública com ferimento por disparo de arma.

Portanto, soa desesperador nessa conjuntura que a política armamentista seja propagandeada numa faixa etária em que crianças estão construindo seus valores humanos e éticos. Mais ainda, que um organismo do Estado ignore que educar a infância desse modo expõe a risco de vida os pequenos cuja proteção deve ser garantida com absoluta prioridade, conforme o artigo 227 da Constituição.

Mais armas e munições em circulação tendem a aumentar estatísticas de homicídios, suicídios e acidentes domésticos, além da possibilidade de armas serem desviadas para as milícias e o crime organizado. As ocorrências trágicas envolvendo crianças e adolescentes armados, inclusive no ambiente escolar, são de conhecimento geral e, nesse contexto, atitudes como a da Policia Fluminense precisam ser repudiadas de modo veemente para que não mais se repitam.

Crianças e jovens devem empunhar livros, não simulacros de armas. Precisam de incentivo e bons exemplos para viver numa sociedade onde impere a democracia, a tolerância e a paz – nunca num ambiente de truculência e de morte.

Professor Azuaite Martins de França, 2º vice presidente do CPP