Em São Paulo vem crescendo o grupo de pacientes entre 30 e 50 anos, sem doença prévia; situação preocupa governo
Em São Paulo, as internações por Covid-19 entre os jovens dispararam na última semana. E, em algumas regiões, 90% dos leitos de UTI estão ocupados. O estado pode até adotar medidas de restrição mais duras. No primeiro final de semana com as novas regras, o que se viu foi muita aglomeração e desrespeito. O centro de contingência do estado estuda até implantar uma fase de restrição mais rigorosa para conter o avanço da doença.
A maior preocupação atualmente em São Paulo é o aumento nas internações. Nos últimos dias, o estado vem batendo recordes de pacientes com quadros mais graves da doença, principalmente entre as pessoas de 30 a 50 anos. A taxa de ocupação nas UTIs na Grande São Paulo passou dos 74%. São 7.163 pacientes em terapia intensiva, o maior número desde o início da pandemia.
O governo detectou que o perfil dos internados mudou em relação ao pico anterior da pandemia, em julho. “O aspecto clínico dos pacientes é diferente daquele que víamos na primeira onda. Antes eram idosos e portadores de doenças crônicas, o que chamamos de comorbidade. Hoje é de 60% mais jovens, na faixa de 30 a 50 anos, sem doença prévia. E o tempo que estão ficando na UTI é maior. Tínhamos antes média de 7 a 10 dias de internação, agora está em 14 a 17 dias de internação no mínimo em UTI”, diz o secretário de Saúde, Jean Gorinchteyn. “Muitas vezes está como oxigenação baixa, mas sem que o indivíduo sinta. Aí se comprova o quanto já existe de comprometimento dos pulmões”, explica ele. “Acham que só vão perder o paladar e o olfato, mas acabam perdendo a vida.”
Com o aumento de 9,7% de caos em uma semana e de 18,4% nas internações, seja em UTI ou em enfermaria, o secretário prometeu nesta quarta-feira (3) anunciar medidas para expansão de leitos no Estado. “Recalibramos o Plano São Paulo, aumentamos as fiscalizações, e estamos redirecionando leitos para todo o Estado”, afirmou, citando ainda os hospitais de campanha em Jaú, Araraquara, Bauru, Bebedouro e em Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Apesar de não entrar em detalhes sobre as novas medidas, ele afirmou que os hospitais de campanha podem ocorrer dentro de estruturas já existentes, como em outros hospitais, e vê no momento a necessidade de mais leitos d UTI do que de enfermaria, diante dessa mudança de perfil dos contaminados e também pelo crescimento da variante amazônica.
O governo também voltou a cobrar ajuda da população. “Não adianta abrir mais leitos, precisamos de ajuda da população. Temos limitação de espaço e fundamentalmente de recursos humanos. A população precisa mudar o comportamento”, avisa Jean Gorinchteyn, secretário da Saúde de São Paulo. “Estamos tendo uma ocupação crescente especialmente em Unidades de Terapia Intensiva.” Segundo Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência da Covid-19, do jeito que está a pandemia caminha para um período de mais restrições de circulação. “E possibilidade de ter classificação mais restritiva que a fase vermelha. A questão principal nesse momento é a população seguir as recomendações.”
Críticas
Na linha do que defende o Conass, a Sociedade Paulista de Infectologia (SPI) divulgou carta afirmando que o Plano São Paulo, estratégia paulista para conter a pandemia do coronavírus, é “insuficiente para reduzir a transmissão do vírus”. A entidade pede políticas públicas mais rígidas no distanciamento social às autoridades estaduais, com lockdown em regiões “próximas do colapso assistencial”. Em locais menos atingidos, a SPI pede que o governo implemente “restrições maiores” aos serviços não essenciais, além de toque de recolher a partir das 20 horas. Outras demanda da entidade médica é pela ampliação da testagem e velocidade na vacinação.
Fonte: R7 e O Estado de São Paulo