Em Guarulhos, São Paulo, uma escola particular pediu para um menino cortar o cabelo black power. Lucas Neiva gosta do seu cabelo e a mãe dele não fez o ato. Segundo a diretora da escola, o menino voltava da aula de Educação Física coçando a cabeça. A mãe de Lucas relatou que não conseguiu a rematrícula. A diretora fala que ela procurou realizar o ato fora da época. E a briga vai para a Justiça. A discussão é eventual racismo.

 

Li isso após buscar obituários do maior cidadão do mundo moderno: Mandela. Na Copa de 2010, conheci o Museu do Apartheid. Fica em Joanesburgo e na entrada brancos e negros são convidados a entrar por portas diferentes para ilustrar de forma idêntica como era a África do Sul com o regime racista. Tudo foi falado sobre o homem que perdoou e ensinou milhões a fazer o mesmo. Mas o mundo ainda se preocupa com cor da pele.

 

Black power é um estilo de cabelo negro. Elegante, classudo e bonitão. Lucas é a mistura branco e negro tão comum no Brasil. O cabelo dele é crespo. Ele não usa chapinha para alisar. Frase de Lucas: “Fiquei triste quando a diretora me tirou de uma sala de aula em agosto para pedir que eu cortasse o cabelo, que é superestiloso. Eu estava fazendo sucesso entre meus colegas. Depois disso, comecei a sofrer chacotas”. Higiene diz a escola. Preconceito racial clama a família. Sai dessa escola, Lucas! E perdoa a diretora que queria apenas higiene. Sem rancores. Faz igualzinho a Mandela.

 

Mas segue lutando pelo teu cabelo. Há uma metáfora nisso. Precisamos de mais Mandelas.  Precisamos de mais senhores de gestos carinhosos e sorriso largo. Cor da pele e penteado de cabelo não deveriam ser assunto.

 

Potter – Zero Hora – Porto Alegre – RS