Governo e professores estaduais saem de mais uma rodada de negociação sem nenhum acordo e a greve entra na casa dos 50 dias de paralisação. O boletim informativo de número 34 da Apeoesp estampa: “Professores mantêm a greve”.

 

Em assembleias que superam a presença de 60 mil docentes, acampamentos organizados diante da Secretaria Estadual da Educação, apoio das torcidas organizadas, cultos ecumênicos reunindo denominações religiosas, manifestações simbólicas como o gesto de envelopar o prédio da Secretaria com os holerites escancarando os baixos salários sinalizam a força e determinação dos docentes.

 

As demonstrações do nível de organização dada pelos professores parece não significar nada para o governo estadual. Os docentes reivindicam 75% de aumento, equiparação salarial com a média dos demais profissionais com ensino superior e melhores condições de trabalho. Os fatos se justificam. Numa sala o professor se depara com 40 a 50 alunos, giz, lousa e saliva seguem sendo os recursos didáticos disponíveis, na maioria das escolas. Meu leciona história, tem 25 anos de carreira, possui título de mestrado e doutorado, leciona 20 horas aulas semanais. No final do mês seus rendimentos somam R$ 2.125,00.

 

O governo, por sua vez, diz que os professores ganham 26% acima da média nacional. Eles questionam. Argumentos a parte, a média nacional é pífia. Na realidade, as políticas colocadas em práticas nas últimas décadas apontam no rumo da desqualificação da educação: aprovação automática, salas abarrotadas, professores desmotivados, crescimento da violência nas escolas.

 

A greve, compreendida como “política” pelo governador de SP é legítima, pois até o momento o TJ-SP não a julgou ilegal. Diante da postura de não negociar com os professores, o sindicato ingressou com uma representação junto ao TRT solicitando que a corte interceda uma possível negociação. Como é possível perceber, educação de qualidade e políticas públicas que promovam a juventude e combate à pobreza ainda não passam de itens a serem lembrados em campanha eleitoral.

 

Ponto de vista de Antonio Carlos Frizzo – publicação Metrô News, em 7 de maio.

Secom/CPP