Autor mineiro publica obra sobre um velho vendedor e um menino sem futuro que fazem história na década de 1970

Um velho vendedor de mel, ateu e anarquista; um menino sem futuro, entregue à própria sorte. A aproximação dos dois personagens, em uma amizade improvável, é o ponto de partida de O Velho e o Menino: o Rio, obra de estreia do escritor mineiro José Carlos Martins.

A história é narrada por Manuel, um imigrante português com mais de 70 anos, metódico, franzino e não religioso, por influência do pai, de quem também herdou a tez morena. Um dia aparece um menino, sem obrigação alguma e com acesso livre às casas dos clientes, que passa a ajudar o velho em sua tarefa diária. Ambientada no ano de 1970, a narrativa oscila entre presente e passado, ao trazer as recordações de Manuel sobre sua infância e de outros tempos tão difíceis quanto aqueles vividos durante a ditadura militar no Brasil. O autor, assim, faz o leitor refletir sobre o status quo em áreas como política e religião.

O Velho e o Menino: o Rio nasce de um conto, O Vendedor de Mel, em uma experiência dolorosa e profunda do autor, que ficou adormecida por uma década. O rio, terceiro elemento a intitular a obra, surge para acolher e unir os dois protagonistas. É, também, uma homenagem a João Guimarães Rosa, leitura diária de José Carlos Martins, professor de Letras e advogado aposentado.