Relatório da OCDE registra que um em cada cinco professores brasileiros trabalha em duas ou mais escolas e cerca de um terço deles tem emprego adicional para complementar a renda
O relatório inédito: “A Educação no Brasil: uma Perspectiva Internacional”, lançado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com o apoio técnico do Todos Pela Educação, verificou que menos de 20% dos professores brasileiros estão satisfeitos com os salários que ganham. O piso salarial desses trabalhadores é um dos mais baixos quando comparado com os parceiros da OCDE e outros países latino-americanos, o que leva um em cada cinco professores brasileiros a trabalhar em duas ou mais escolas. E cerca de um terço deles a ter um emprego adicional para complementar a renda.
“As carreiras são muito mal desenhadas. Pagam salário inicial muito baixo, o professor demora muito tempo para conseguir valorização e tem toda questão da aposentadoria a ser resolvida. Em resumo, precisamos de um novo desenho das carreiras do professor, que busque valorização, seja fiscalmente responsável e permita que eles possam se desenvolver”, afirmou. Gabriel Corrêa, líder de políticas educacionais do Todos Pela Educação, em entrevista a Daniel Corrá, publicada na CNN, em 13 de julho de 2021.
Os resultados do relatório da OCDE vêm com o fato de que um professor da rede pública de São Paulo precisaria lecionar por mais de 10 mil anos para ganhar o teto do funcionalismo, ou seja, para atingir um salário de 39,2 mil, de acordo com simulação feita em uma calculadora criada pelo Centro de Liderança Pública (CLP) e o movimento Unidos Pelo Brasil.
Outro aspecto do desempenho do sistema educacional documentado no relatório é que os professores recebem menos do que outros trabalhadores com formação superior no Brasil, especialmente na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Mais uma vez, em comparação a outros países emergentes da América Latina, onde os salários dos professores são iguais ou superiores aos de outros trabalhadores de nível superior, o Brasil fica para trás.
Fonte: CNN/AFPESP