Quem nunca foi um moleque que mexia em tudo, uma menina curiosa ou chegou à fase adulta ouvindo “parece que tem olhos nas mãos” não deve ser desse mundo… Muitos de nós fomos crianças inquietas, imaginativas e principalmente curiosas; essa é a principal beleza da infância; mas existe uma linha tênue entre explorar a ludicidade da criança e os limites das regras de boa convivência, seja em casa ou em qualquer lugar. É nesse universo de diálogo que a obra literária “João Mexilião” adentra no nosso imaginário.

O autor, professor Tiago Ortaet, que além de pai de dois meninos mexilões, tem quase duas décadas de experiência em sala de aula, trabalhando com crianças em escolas públicas, particulares e ONGs, decidiu abordar em seu novo livro infantil a importância da criança explorar o ambiente em busca de conhecimento sinestésico, mas ao mesmo tempo aborda conceitos de educação familiar para proporcionar uma convivência saudável que respeite a liberdade da criança de ser criança e também a participação dos adultos na difícil tarefa de educar, a partir de um olhar sensível.

O livro é uma provocação tanto do ponto de vista lúdico, pois expõe hábitos comuns à crianças de qualquer classe social, etnia e credo. Quando do ponto de vista estratégico, familiar, educativo pois destaca o diálogo como ponte de relacionamentos saudáveis, em todas as fases da vida, principalmente na infância. É muito fácil os pais-leitores ou educadores-leitores se identificarem com ambos os pontos de vistas, uma vez que todos já foram crianças e todo adulto é (pelo menos uma vez na vida) educador de alguém.

O professor Ortaet convidou a jovem ilustradora guarulhense Letícia Satie para dar cores e formas à sua inquietante história e o resultado pode ser conferido no livro que será lançado em evento comunitário. “A obra representa, para mim, uma catarse fabulosa da minha infância, chancelada por uma mãe compreensiva com aquele menino mexilão; uma mãe que não tinha apego às coisas, mas aos momentos vividos. Uma mãe com a sabedoria popular, sertaneja, de quem deixava brincar, deixava ser feliz, mas com limites. Ela não está mais entre nós, mas que sua essência possa ser transmitida para os leitores.” Destaca o escritor.

O livro foi lançado n último sábado (13), pela editora Coelho Rosa, em sistema Drive Thru (para manter o distanciamento social) na Casa Ortaética de Humanidades, espaço cultural que desenvolve vários projetos comunitários. Parte dos valores da venda da publicação será revertida para atividades sociais e culturais na comunidade.

PRIMEIRA OBRA – “QUEM TEM MEDO DO MEDO”

Em 2016, o professor Tiago Ortaet lançou sua primeira obra literária “Quem tem medo do medo”, livro infantil escrito pelo Arte/Educador Tiago Ortaet e ilustrado pelo fotógrafo Rodrigo Marcelo, que traz uma aventura poética familiar desse instinto humano do qual nenhum de nós está imune. O livro é resultado de percepções das crianças acerca dos mistérios do desconhecido que moram na fantasia e no lúdico. Agregar o ponto de vista infantil frente à realidade incompreensiva do mundo adulto, dentro de uma metalinguagem, onde o livro fala do próprio livro; é um ponto de reflexão para as crianças leitoras e ouvidoras de histórias contadas pelos seus pais. A obra é uma publicação da editora Uirapuru.