Seguem caminhos distintos. Quando se fala em educação, lembro-me do meu tempo de escola, primário e ginasial, quando nossos professores mantinham-se numa posição de respeito e exigiam retorno. Já impunham pela aparência, os homens sempre de ternos, camisas sociais e gravata e as professoras elegantemente vestidas. Lógico tinham condições, social e financeira para isso. Eram muito valorizados pelos governantes, pelos pais dos alunos e pela sociedade em geral. Houve época em que isso foi muito criticado, achavam que isso era bobagem, que era antiquado, concordo que hoje não precisariam mais usar roupas tão sérias, mas da personalidade, do respeito, não podiam abrir mão, e os professores mais novos começaram a ser “moderninhos”, passaram a dar aula de jeans, camiseta, ir para o bar com os alunos, trocar cigarros, paquerar as alunas abertamente ( não que antes não houvesse isso, mas era um caso ou outro e muito discretamente e quando era descoberto, havia punições e para as alunas era uma vergonha).
A liberdade entre alunos e professores, fez com que se diminuísse o valor e hoje vemos a situação como está. Os professores eram valorizados, respeitados, pelos alunos e pelos pais dos alunos, que os admiravam, sem achar que eram responsáveis pela educação dos seus filhos. Isso sempre foi tarefa dos pais. Sempre foi, mas hoje os pais não assumem e acham que quem tem essa obrigação é o professor. Ainda se achasse isso e pelo menos desse força para o professor – mas que nada, quando o professor toma a atitude, eles ainda vão à escola para agredir aos professores.
Então, assim está a educação hoje: os governantes, que deviam reconhecer que sempre dependeram de professores para chegarem onde estão hoje, são os primeiros a desrespeitar, a desvalorizar os professores, pois nunca aprovam projetos que não lhes dêem projeção ou lucro.
Também a mídia, pois quando aparece alguma atitude de algum professor colocando o aluno infrator no seu devido lugar, a imprensa é a primeira a apresentar as reportagens como crítica às atitudes, alegando que esta ou aquela professora ridicularizou o “coitadinho” do aluno. E o direito dos professores, onde estão ? Os pais, não tem o mínimo respeito pelos professores. Os alunos, nem sabem o que é respeito.
Mas, e os professores ? … será que todos respeitam os alunos, ou pelo menos a própria profissão ? Lógico que não estou generalizando, mas é muito grande o número de professores que não tem o menor respeito pelos alunos, o que colabora com o abandono que se vê. Tem alguns professores que tratam os alunos com se fossem os culpados pelos seus problemas pessoais.
Há “professores” que são substitutos, e quando tem oportunidade de substituir um professor titular, deixam de dar aula, entrando na sala, mas não tomando conhecimentos dos alunos. Alguns chegam a alegar que pelo que ganham, não vale a pena o esforço, e assim, aqueles que buscam aprender, acabam sendo prejudicados, não tendo as aulas. Todos os dias sabemos de crianças que estão na 5ª. ou 6ª. séries e não sabem ler nem escrever.
As últimas aula de matemática ou de português foram há dois ou três meses, e tem professores substitutos, mas não dão aula porque a sala não será sua. Sei que alguém vai dizer que isso não é culpa da professora e sim do sistema, mas, uma pessoa compreensiva, atenciosa, que tem bom senso com os alunos agiria de forma diferente, afinal, não são todos os alunos iguais, e muitos estão esperando por alguém que lhes de atenção, que querem aprender. O sistema tem seus erros, mas nada justifica que alguns professores como quaisquer outros profissionais penalizem quem nada tem a ver com a situação.
Será que um dia vai melhorar ? Será que nossos governantes um dia vão ter vergonha da educação no Brasil ?
Toni Gonçalves é psicanalista