Luciana da Silva Rodrigues
Durante o período mais crítico da pandemia e necessidade de isolamento social muitas dúvidas surgiram sobre o que fazer e quais práticas adotar no ensino remoto. Professores buscaram atualização para o uso de ferramentas digitais; familiares desdobraram-se no suporte à aprendizagem; estudantes tiveram que se ajustar a nova realidade de estudos. Sem dúvidas, muitos foram os desafios, e todos ansiavam pelo retorno das aulas presenciais, principalmente porque representaria a esperança da normalização das rotinas escolares.
Até que o dia chegou, com o início do ano letivo de 2022 o retorno 100% das aulas presenciais foi possível. A escola reassumiu seu papel pedagógico proporcionando momentos de reencontro, afeto e ressocialização dos estudantes e professores. Todos sabiam que muito trabalho estava por vir, mas felizes pela possibilidade de retorno à escola. Após tanto tempo fora das salas de aula, a necessidade de readaptação da convivência entre os estudantes revelou outros desafios tão, ou mais, preocupantes que o gap de aprendizagem ocasionado pelo fechamento das escolas.
A defasagem na aprendizagem é um grande problema social e que precisa de total atenção, principalmente, por sabermos que, a longo prazo, essa lacuna pode se transformar em um limitador no desenvolvimento dos estudantes, apesar da existência de recursos e profissionais comprometidos em atender a esta demanda. Sabemos que não será fácil!
Quanto aos outros desafios que surgiram no pós-pandemia, principalmente, os que envolvem a saúde mental dos estudantes são nesta largada os principais adversários no cenário educacional. Uma pesquisa realizada pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em parceria com o Instituto Aryton Senna revela que 70% dos estudantes do Ensino Fundamental entre o 5º e o 9º ano apresentam sintomas de depressão e ansiedade.
Vale lembrar que esse grave problema não fica restrito aos estudantes, muitos professores também estão adoecendo em face do grande desgaste emocional que enfrentam todos os dias. A partir deste cenário, é preciso juntar forças, precisamos de investimentos e políticas que proporcionem um avanço social condizente com as necessidades atuais da sociedade e não só mais discursos vazios seguindo a mesma ‘cartilha’ de anos, que generaliza e não enxerga as desigualdades sociais que temos no Brasil.
Muitas escolas seguem no seu limite de funcionamento, salas lotadas, estruturas que não proporcionam o bem-estar dos estudantes, falta de estímulo e desvalorização salarial, baixo ou nenhum investimento em formação continuada, dentre outros pontos que caracterizam as diferenças e o desequilíbrio nos ambientes educacionais em todo o país.
Portanto, cabe a nós reivindicar por uma educação de qualidade e condições que sejam dignas aos professores e estudantes, por isto, vale analisarmos e questionar o que falam os candidatos sobre os problemas reais vividos na educação hoje. Será que estão considerando em suas propostas eleitorais os problemas atuais enfrentados na educação?
Luciana da Silva Rodrigues é mestre em Educação e Pedagoga, atua como tutora dos cursos de pós-graduação em Educação da Uninter.