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Rossieli pedirá aval de conselho para as aulas presenciais e diz que pai que não mandar o filho pode ser responsabilizado

O Governo do Estado de São Paulo incluiu na última sexta (18), em decreto no Diário Oficial do Estado, a educação básica na lista de serviços essenciais, assim como saúde e transportes, o que permite manter as escolas abertas mesmo com uma piora na pandemia de coronavírus. Rossieli Soares, secretário da Educação, defende vacinação na rede, mas afirma que escola se mostra um ambiente seguro. Admitiu que é provável que tenha ensino híbrido, e que todos deverão fazer o remoto e uma parte presencial (ele diz que a escola é obrigatória para crianças acima de 4 anos).

O secretário está numa cruzada pela volta às aulas presenciais. Nos últimos meses, tem percorrido escolas pelo interior do Estado conversando com dirigentes de ensino, pais e professores sobre o que ele considera um “massacre educacional” na vida de crianças e jovens neste ano de pandemia. “Temos de ter clareza de que ficar esse tempo sem escola pode causar um prejuízo para o resto da vida”, disse, em entrevista divulgada nesta terça-feira (22), pelo jornal O Estado de São Paulo.

A convicção veio com um ano de provações pessoais. O filho adolescente foi diagnosticado com depressão depois de um tempo longe da escola. Em julho, Rossieli ficou 16 dias internado – alguns deles na UTI – com covid. “Muita coisa evoluiu de março ou maio para cá, hoje a ciência mostra que o espaço escolar é seguro. Para o estudante não voltar, só com atestado médico, se estiver no grupo de risco”, afirmou. Ele defende uma norma estadual com a obrigatoriedade da volta para escolas e alunos. Pais da rede pública e particular seriam então responsabilizados ao não levarem seus filhos para aulas presenciais em 2021.

Professores das escolas estaduais também serão convocados a retornar, garantiu Rossieli. “Educação é direito da criança e dever do Estado, deve ser obrigatória dentro dos protocolos.” Atualmente, 1,8 mil das cerca de 5 mil escolas estaduais estão com atividades presenciais. A volta, por enquanto, é voluntária. Na semana passada, Rossieli já conseguiu uma vitória em sua cruzada: mudar o decreto estadual, garantindo que as escolas permaneçam abertas até na fase vermelha, a mais crítica.

Na entrevista, ele disse que professor, funcionário da Educação, tem papel fundamental e precisa ser valorizado e observar cada vez mais que é fundamental para o desenvolvimento da sociedade. Ainda afirmou que os professores serão convocados conforme uma normativa na primeira quinzena de 2021 sobre convocação dos professores, observando grupo de risco. “Mas teremos, sim, nossos profissionais na escola. Também vamos discutir com o Conselho Estadual de Educação em janeiro o que será obrigatório ou não. Mas com certeza teremos aulas presenciais públicas”, afirmou Rossieli.

Com relação à greve dos profissionais da educação caso a escola reabra sem segurança dos protocolos assegurados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), disse que cabe a ele dialogar e mostrar que a escola pública têm condições de retornar. E frisou: “Em alguns lugares, o Judiciário já demonstrou a ilegalidade da greve nesse contexto. Vamos questionar se houver a tentativa”.

Quando questionado pela jornalista Rena Cafardo por que não priorizou os professores para a vacina pela Covid-19, ele afirmou: “Mas os professores estão, sim, na lista de prioridades. E os professores mais velhos e com comorbidades serão vacinados antes, com o restante da população.

Para terminar, disse ainda que vai fazer um grande esforço, em janeiro, para, de forma opcional, haver recuperação. A partir de março, os alunos vão poder ir para a escola de manhã e fazer mais duas horas diárias utilizando a tecnologia. “Vamos ajudar 500 mil mais pobres com conectividade. Estou preocupado em como recuperar ao máximo as perdas, mas não se vai recuperar tudo”, concluiu.

POSIÇÃO DO CPP

A entidade continua considerando prematuro o retorno às aulas presenciais no início de 2021 e portanto discorda do cronograma do Governo de São Paulo. A proposta é manter professores e funcionários em trabalho remoto.

Nas últimas quatro semanas, só em São Paulo, houve o aumento da disseminação da Covid-19. Com isso, o governador João Doria (PSDB) afirmou que o Centro de Contingência para controle da pandemia do novo coronavírus, que se reúne nesta terça (22), poderá definir novas ações de contenção da doença, enrijecendo ainda mais as medidas restritivas de funcionamento de estabelecimentos comerciais.

O Centro do Professorado Paulista protocolou nas secretarias da Educação e da Saúde do Estado de São Paulo, assim como no Governo do Estado, ofício para que os professores e os profissionais da Educação sejam imunizados na primeira etapa da campanha de vacinação contra a Covid-19, prevista para 25 de janeiro.

Conforme plano do governador João Doria (PSDB), a imunização dos docentes está prevista para a fase 4. Na primeira, a prioridade abrange apenas profissionais da Saúde. O CPP insiste na prioridade de vacinação, permitindo assim o retorno às aulas presenciais de forma segura e efetiva.