Manifestação do Consed ocorre um dia após o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pedir a suspensão do funcionamento das escolas
O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) criticou por meio de nota nesta terça-feira (2) o que chamou de “defesa da suspensão das atividades presenciais de todos os níveis da educação do país”. A manifestação do Consed ocorre um dia após o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pedir a suspensão do funcionamento das escolas, entre outras medidas para conter o avanço da pandemia no Brasil.
O conselho que reúne os secretários estaduais de Educação pondera que a maioria das escolas brasileiras, especialmente na educação pública, está fechada há quase um ano. “Com graves prejuízos para aprendizagem e para os aspectos socioemocionais”. Diante desse contexto, o Consed sugere que comitês científicos, autoridades sanitárias e gestores educacionais definam, “localmente, com serenidade, sobre o modelo organizacional de ensino nas escolas, com segurança para estudantes e profissionais, observando os possíveis prejuízos educacionais que podem penalizar milhões de estudantes brasileiros”.
Presidente do Consed, Vitor de Angelo diz que é preciso priorizar a educação e não se deve pensar o fechamento das escolas de um ponto de vista nacional. “Se algum comitê local avaliar que a escola foi determinante para o aumento do contágio, ali a escola deve fechar. Mas generalizar de antemão, defendendo a escola fechada, faz perder nuances regionais”, diz ele, que é secretário estadual no Espírito Santo.
Nesta segunda-feira (1), com aumento de casos da Covid-19 em todo o País e alta de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), os secretários de Saúde defenderam a adoção imediata de “lockdown” nos Estados em que que a ocupação dos leitos de Covid-19 tenha alcançado mais de 85%, um toque de recolher nacional e a suspensão do funcionamento das escolas. Os gestores da saúde dizem que o Brasil enfrenta o pior momento da epidemia e criticam a falta “de uma condução nacional unificada e coerente” para a crise.
Como o jornal O Estado de São Paulo mostrou, o agravamento da pandemia no País tem levado municípios e Estados a suspenderem ou adiarem o retorno presencial às escolas. No Estado de São Paulo, 114 municípios barraram o retorno dos colégios estaduais nas últimas semanas. Estados como Pernambuco, Paraíba, Piauí e Paraná também decidiram suspender a volta às aulas neste momento diante da crise sanitária.
Na manhã desta terça-feira (2), o secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyan, afirmou à rádio CBN ser a favor de que as escolas sejam fechadas. O tema deverá ser discutido internamente. No Estado de São Paulo, as escolas foram consideradas serviços essenciais, como supermercados e farmácias. Isso significa que podem ficar abertas mesmo nas fases mais restritivas da quarentena.
O secretário estadual da Educação de SP, Rossieli Soares, tem defendido que as escolas sejam as últimas a fechar e as primeiras a abrir, uma vez que o longo tempo de fechamento vem causando prejuízos às crianças e adolescentes. O governo estadual definiu um toque de restrição noturno, mas o comércio não essencial pode continuar operando em municípios que não estão na fase mais restritiva da quarentena, como a capital. Na segunda, o governador João Doria (PSDB) definiu igrejas também como atividades essenciais no Estado.
POSIÇÃO DO CPP
O Brasil está passando por um dos momentos mais difíceis nestas últimas semanas. Professores estão sendo infectados e muitos não estão aguentando a gravidade da Covid-19, vindo a óbito. As autoridades não deveriam ter aberto as escolas para aulas presenciais, pois o número de circulação de pessoas é muito maior. Chegamos na pior fase com hospitais sem leitos para receber a população.
Mais uma vez, o Governo do Estado de São Paulo João Doria (PSDB) e o secretário de Educação, Rossieli Soares, não ouviram as entidades do magistério. Desrespeitando a categoria, não ouviu os profissionais da Educação para ajudar na retomada de atividades presenciais, o que, ao que tudo indica, contribui para o caos com educadores e estudantes mortos pelo vírus.
Escolas só deveriam reabrir com profissionais da educação vacinados. O resultado foi o que estamos vendo nos jornais diariamente. Professores infectados, e escolas sendo fechadas. São lamentáveis as posições irredutíveis do governo. Durante o período de avanço da Covid-19, as aulas remotas são a única saída.
Conteúdos escolares podem ser recuperados. Vidas que se perdem, não. Uma lição que Rossieli e Doria precisam aprender.
Informações do Estadão