Após exercer, junto com 143 milhões de eleitores, o nosso momento de usar o microfone em silêncio, pensei neste texto, mas só o escrevi agora. Redijo esta metáfora em contrapartida à que diz “a praça é do povo, mas o palanque e o microfone não”. Por feliz coincidência, eu voto na mesma sala de aula em que no ano de 1988 finalizava o ensino médio. Em 2014, rompeu-me a pupila ao constatar a falta de conservação da sala de aula, da escola e do seu entorno.
Enquanto aguardava a minha vez, eu olhava aquelas tristes carteiras desgastadas, amontoadas ao fundo, o quadro sem cor e com a madeira carcomida, lâmpadas queimadas, paredes pichadas e vidraças ausentes. Nós, professores, percebemos que o tema educação, por insistência, lutas de décadas, começa a ter a merecida atenção. Por qual razão votamos em escolas?
Talvez, seja para cobrarmos dos escolhidos o compromisso com aquele cenário, ou seja, com a escola, portanto, com a educação. A cada dois anos teremos novos moinhos a desafiar o empenho e a imaginação. No início de minha graduação, quando frequentava sebos, não por hobby, eu sempre me perguntava por que os livros de educação/pedagogia estavam próximos aos de política.
Já sabemos os requisitos para melhorar o rendimento escolar ou ações que propiciam melhor desempenho e melhores resultados: professores em sintonia com os resultados de seus alunos, uso dos dados e resultados de avaliações para guiar ensino, aumentar o número de horas-aula, expectativas altas quanto à disciplina e ao comportamento dentro e fora de sala.
Sobre essas breves reflexões, considere o ensinado pela poetisa Adelia Prado. “Eu sempre sonho que uma coisa gera, nunca nada está morto. O que não parece vivo, aduba. O que parece estático, espera”.
Por Ronilson de Souza Luiz, capitão da Polícia Militar e doutor em educação pela PUC-SP
Secom/CPP