Foto: Governo de SP

O anúncio do governador João Doria (PSDB) era aguardado pelo recorde de mortes diárias e o colapso nos hospitais sem leitos de UTIs desde o início da semana. O crescimento das internações nos hospitais com pessoas jovens e sem comorbidades elevou o temor de deixar o Estado de São Paulo com fluxo de pessoas transitando, aumentando o número de disseminação da Covid-19. Na fase vermelha decretada para as próximas duas semanas, só serão permitidas as atividades essenciais, e as escolas foram incluídas na lista. A decisão foi comunicada em coletiva de imprensa e houve publicação do Decreto nº 65.545/21, no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (4), página 1 – Seção I.

A avaliação é que a medida acata interesses políticos e não leva em consideração a posição das entidades e sindicatos representativos do magistério que vêm lutando pela preservação da vida, já que a falta de condições estruturais para o retorno às aulas é iminente e coloca em risco a saúde e a vida de toda a comunidade escolar. O atraso na imunização e a constante sabotagem às medidas de restrição implantadas nos estados sufocaram as redes hospitalares e deixaram o ambiente livre para o surgimento de variantes que podem ser ainda mais perigosas do que a versão original do vírus.

Segundo especialistas da Saúde, o estado deve enfrentar nos próximos dias as duas piores semanas da pandemia da Covid-19, desde que foi registrado o primeiro caso, há um ano. A equipe de Contingência do Plano São Paulo chegou a defender e aconselhar sobre a necessidade de fechamento das escolas. Mas Doria achou que seria melhor estabelecer o prazo de 15 dias e depois reavaliar a situação. O governador desautorizou o secretário de Saúde, que foi escolhido por ele. Em entrevista à CBN, Jean Gorinchteyn disse que as atividades em escolas seriam suspensas.

Mas o governo, inclusive o secretário da Educação, Rossieli Soares, disse que as escolas devem dar prioridade para os alunos mais vulneráveis, que podem ser estudantes com deficiências ou dificuldades de aprendizagem, com problemas emocionais, alimentares, sem conexão em casa para ensino remoto. Outra justificativa foi atender às pessoas que trabalham nos serviços essenciais e não tem com quem deixar seus filhos.

Porém, manter escolas abertas no auge da pandemia significa jogar fora todo o cuidado feito durante o ano de 2020. Afinal, se as escolas podem ficar abertas agora, porque ficaram fechadas um bom tempo com aulas remotas? Na posição do CPP, é uma insanidade manter o fluxo de profissionais da educação, alunos e pais. “É inadmissível o discurso que diz estar preservando vidas”, diz Silvio Santos Martins, segundo vice-presidente do CPP.

Com essa nova variante do vírus, não têm ninguém menos vulnerável. Muito provavelmente, dada a falta de recursos das escolas e o próprio comportamento natural de aglomeração dos alunos, os profissionais da Educação estão mais expostos ao contágio do vírus. A diretoria aproveita para declarar toda a solidariedade aos educadores e funcionários da Educação, principalmente os que lecionam na Educação Básica, pois não é uma tarefa fácil manter crianças com distanciamento social e de máscara.

“Não é o momento de voltarmos agora. O governo erra novamente em dizer que os alunos da educação infantil devem ser os primeiros. Para nós, devem ser os últimos, pois requer muita proximidade e quase não é possível fazer o distanciamento necessário”, afirma Loretana Paolieri Pancera, primeira vice-presidente do CPP, com carreira no magistério como alfabetizadora.

A posição do CPP continua. Volta às aulas presenciais só com vacina para todos os profissionais da Educação.