Estudos recentes têm apontado uma tendência mundial de falta de concentração nos estudos, isso de modo geral, tanto em países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento. O fato é que os adolescentes e jovens não conseguem se concentrar para estudar, a não ser aqueles mais dedicados e interessados, geralmente os que decidem estudar em casa porque o ambiente escolar não tem favorecido isso.

 

É interessante observar que no momento de melhor conhecimento da humanidade, tanto na Antiguidade quanto na própria Idade Média, tempo inclusive do surgimento das universidades, estudava-se em ambientes de recolhimento, nos mosteiros, pois o estudo exige reflexão e meditação. No corre-corre de hoje, o máximo que os alunos conseguem fazer, com o programa altamente tecnicista atual, é decorar mesmo algumas informações básicas, pensando apenas no vestibular ou em algum concurso que queira fazer. E para por aí. Isso tem gerado um enorme desafio para os pedagogos modernos, que encontram dificuldades em conciliar a concentração com o ritmo frenético do mundo pós-moderno, bastante informatizado.

 

O avanço das tecnologias, especialmente as de comunicação, deveriam propiciar uma elevação na produção de conhecimento e pesquisa, mas não é o que acontece. Pesquisas baseadas na experimentação, como, por exemplo, na fabricação de remédios, ainda avançam, porque estão voltadas a questões práticas. Mas naquelas pesquisas do conhecimento humano que requerem um pensamento mais abstrato e apurado, as dificuldades começam a surgir, pois o processo exige mais. Daí que os pedagogos modernos não sabem como lidar com essa questão por deficiências na pesquisa e o resultado concreto disso está visível em toda a parte: falta de concentração, indisciplina em sala de aula, desatenção, analfabetismo funcional, empobrecimento cultural. Este é um desafio para o nosso tempo, se quisermos realmente elevar os níveis de educação.

Por Valmor Bolan é doutor em sociologia e especialista em gestão universitária

Secom/CPP