O salário médio de um professor da rede pública de ensino não é exatamente um motivo do qual o Brasil possa se orgulhar. É gritante a certeza que a classe dos docentes ressente-se de uma política de valorização. A falta dela talvez explique o abismo que há entre o Brasil e os países que apostam na educação como o pilar de desenvolvimento social, cultural, político e econômico.
De um modo geral, os baixos salários pagos até mesmo em grandes capitais, como São Paulo, são cruciais no processo de permanente fragilização do ensino público. Seus efeitos, sobre professores e alunos, acabam refletindo nos resultados da sala de aula. A soma de educadores mal remunerados e estudantes desestimulados resulta em índices de avaliação educacional bem abaixo do potencial brasileiro.
Diante desse cenário é de se elogiar o fato de que os professores da rede estadual podem aumentar em mais de 5% seus salários por meio das qualificações adquiridas ao longo da carreira. É bom saber que a política da meritocracia, tão eficazmente sedimentada na iniciativa privada, começa a tomar corpo no funcionalismo.
A medida que regulamenta a evolução funcional dos servidores do quadro do magistério é resultado da atuação da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo em parceria com as entidades de classe. Conforme o estabelecido, os educadores poderão ter evolução em oito níveis de aceleração, com intervalos, em média, de quatro anos para professores e cinco para diretores de escola e supervisores de ensino.
Nesse contexto são pontos fundamentais no processo de qualificação os cursos de pós-graduação, mestrado, doutorado ou extensão universitária. Como se vê, o segredo desse modelo de remuneração está no comprometimento. Para aspirar melhor salário, o professor vai ter que se empenhar, melhorando sua preparação, aumentando seu repertório de conhecimento.
Com as novas metas e aprovação nas provas de valorização, um professor de educação básica da rede estadual, que leciona nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio e mantém uma jornada de trabalho de 40 horas semanais e poderá alcançar até R$ 6.838,13. hoje, a maioria recebe salário de R$ 2.415,89.
Ainda é pouco, mas é um começo. Tomara esse caminho possa conduzir o ensino público em todo o Estado a uma posição da qual, um dia, posamos todos nos orgulhar. Isso só será possível quando professores, pais, alunos, e governos tiverem claro que dinheiro aplicado em Educação não é despesa, mas sim investimento. Um país rico, de fato, se faz com um ensino público de qualidade que mereça nota 10 com louvor.
Editorial do jornal Diário de São Paulo
Secom/CPP