A denúncia de vazamento do gabarito da prova, em 2009, por pouco não condenou o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) à falência ética. Por sorte, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), à época comandado pelo atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, conseguiu agir em tempo de suspender o teste, punir os culpados e salvaguardar a credibilidade da prova. De lá para cá, o tempo encarregou-se de demonstrar que o Enem, mesmo com defeitos, é um sistema de avaliação importante para o processo de valorização da Educação.

 

Criado em 1998, o exame foi a primeira iniciativa ampla de avaliação integral do sistema. Hoje, o exame tem o mérito de ir muito além disso. Virou uma importante via de acesso às universidades federais, portanto, instrumento de escalada social para muitos jovens que no passado se viam represados pela barreira do vestibular.

 

Os ajustes nas correções e o aumento da segurança em torno do Enem aplicados desde o trauma do vazamento do passado, revelam a tendência de que, no futuro, o Enem estará credenciado a substituir totalmente os vestibulares da maioria das instituições de ensino do país. Daí a necessidade de os estudantes terem consciência da importância do Enem na vida acadêmica. É certo que cada universidade tem autonomia para aderir ao novo Enem conforme julgue melhor.

 

É importante destacar também que este tipo de seleção propicia um modelo mais justo de avaliação dos alunos, à medida em que se distancia do padrão dos vestibulares que premiavam aqueles que melhor decoravam as matérias em sala de aula, sobretudo as fórmulas, esquemas e datas. O Enem, assim como é formulado atualmente, faz com que o estudante pense em soluções práticas para um problema do cotidiano. Com isso, valoriza-se o desempenho dos estudantes ao longo do Ensino Médio. Por objetivar avaliar competências e não informações tiradas dos livros, o exame não é dividido por matérias, o que pressupõe mais compreensão dos enunciados e maior domínio sobre os conteúdos abordados.

 

Como se não bastassem todas essas vantagens, eis que agora tem sido cada dia maior o número de empresas que efetivamente contratam funcionários com base no resultado da prova – principalmente  em relação ao quadro de estagiários. É isso mesmo: várias empresas adotam o desempenho dos candidatos no Enem como critério de seleção. Assim sendo, os concorrentes que não tiverem experiência profissional anterior podem ter uma chance a mais para fisgar um bom e estimulante primeiro emprego. Não por acaso, a edição 2014 do Enem expressa o sucesso do programa, cuja prova será realizada em 1.699 cidades brasileiras com o recorde de 8,7 milhões de pessoas inscritas.

 

Editorial do jornal Diário de São Paulo, publicação sábado (1/11).

Secom/CPP