Atualizado em 08 agosto, 2023 às 14:26

Foto: Envato

A história registra, por séculos a fio, agressões à escola, aos professores, aos livros e à Educação. Estas violências sempre tiveram origem na intolerância, ou, melhor analisando, no temor de mudança, no medo do novo.

O conservadorismo idolatra o passado, agarra-se àquilo que lhe garanta o status quo. Vivendo nas trevas, só pode sobreviver combatendo a luz. Daí advém o temor aos livros, às escolas, aos professores e aos poetas de qualquer linguagem.

A história registra as censuras, o “index librorum prohibitorum”, fogueiras que queimaram livros, mas que, mesmo assim, não conseguiram queimar ideias. A grande verdade é que a Educação sempre busca novas utopias e, por esse motivo, sempre foi alvo dos violentos e dos ignorantes.

Vivemos num Brasil dividido e intolerante. Num país em que, cada vez mais, as pessoas supõem-se juízes do mundo e donos da verdade. Neste ambiente, encontram larga repercussão as vozes de supostos líderes que igualam professores a traficantes. E, dessa maneira, justificam aumentos salariais generosos a policiais e reajustes míseros aos docentes. A uns a licença para matar. A outros, a proibição de ensinar.

A lucidez de Darcy Ribeiro identificava, há mais de meio século, mas que hoje salta aos olhos: “a crise de Educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”.

As grandes mudanças na educação de São Paulo já começaram: não haverá fogueiras de livros. Haverá o desprezo das lixeiras para as obras didáticas escolhidas para professores e que sempre foram entregues gratuitamente aos alunos. Pelo menos 10 milhões de livros, que seriam destinados a alunos do ensino fundamental, vão para o lixo. Além disto, o estado anuncia que não vai comprar livros para alunos do ensino médio. Em lugar destes últimos, a “modernidade” dos slides numa terra sem conexão de quaisquer sortes de Gs, 4G, 5G…

O projeto para a Educação em São Paulo é o do desmonte do já precário ensino público. Alunos sem livro, redução dos recursos constitucionais para a Educação etc. Estas são apenas as primeiras marcas de um governo sem compromisso com São Paulo e de um secretário compromissado com o ensino privado.

As poucas intervenções do secretário da Educação, Renato Feder, sem qualquer trocadilho, não estão cheirando bem. E, neste caso, vale explicar-lhe o que ele ignora: a principal Lei do Brasil é a LEITURA.

* Azuaite Martins de França é segundo vice-presidente do Centro do Professorado Paulista e diretor da sede regional de São Carlos