Luiz Gonzaga Bertelli

Em tempos de crise, com a mídia recheada de más notícias, é alentador trazer uma informação animadora, dessas que ajudam a melhorar a autoestima dos brasileiros, que anda em baixa. A USP (Universidade de São Paulo) manteve a primeira posição no ranking das melhores instituições da América Latina, de acordo com um dos levantamentos mais prestigiados do mundo, feito pela empresa britânica Quacquarelli Symonds. Melhor ainda, entre as top ten, aparecem mais três brasileiras: a Unicamp (2º lugar), a Federal do Rio de Janeiro (UFRJ em 5º) e a Universidade de Brasília (UnB em 9º).
 

Entretanto, num lado menos alvissareiro, no último ranking mundial, divulgado no ano passado, a USP despencou 11 posições, caindo para 143º lugar, por causa de mudanças da metodologia. É evidente que, nessa avaliação, a competição é mais acirrada, pois incluiu instituições de grande peso de várias regiões, entre as quais a Quacquarelli destaca: “Na Ásia, em particular, estamos vendo grandes investimentos em pesquisa, o que faz diferença”. No Brasil, essa área apresenta conhecidas fragilidades, pois, ao lado de expressivo número de artigos publicados, estes provocam pouco impacto no cenário global de pesquisas, com baixo número de citações em outros trabalhos. Isso se deve, entre vários motivos, ao simples fato de que muitos artigos ainda são publicados apenas em português e não em inglês, eleito o idioma comum pela comunidade científica mundial.
 

Colocando na balança os dados positivos e negativos apontados pelo levantamento, devemos aceitar, com humildade, a opinião da Quacquarelli de que “uma alta produção acadêmica nem sempre se traduz em pesquisa de qualidade”. E, a partir disso, insistir na valorização (investimentos e incentivos) das pesquisas puras e aplicadas, desenvolvidas pelas universidades e empresas. Afinal, elas são a base da inovação, hoje fator fundamental para o desenvolvimento das economias nacionais.

Luiz é presidente do Conselho de Administração do CIEE/SP