Neide Noffs

Essa foi uma medida muito precipitada. Uma mudança desse porte não se faz em pouco tempo. A ideia até parece interessante, de reorganizar as idades e implantar o período integral, mas o que a princípio é um ganho se mostra um problema, porque não se mudam as coisas por decreto, mas conscientizando, conversando com a comunidade. E isso não aconteceu.

 

Fizeram estudos técnicos, por exemplo, do número de alunos por sala, da proximidade entre as escolas, e tomaram uma decisão sob olhar técnico. Mas é preciso um olhar humano, porque a educação é feita por pessoas. A Secretaria Estadual de Educação pode falar, por exemplo, que um aluno “só” vai precisar se deslocar 1,5 Km a mais. Mas isso para a família do estudante faz toda a diferença, ela precisa de tempo para planejar as mudanças.

 

Do jeito que se está sendo feito ficam muito mais claros os conflitos do que a solução. E o pior: o aluno pode criar uma resistência à mudança porque não foi ouvido e criar uma dificuldade de aprendizado. A secretaria poderia ter feito um planejamento de adaptação dos alunos e professores para o novo prédio, por exemplo, mas estamos em novembro já, não dá nem tempo de se acostumar. Na minha visão, essa medida, se tomada, deveria ocorrer só em 2017. Chega de medidas precipitadas.

 

Neide é professora da Faculdade de Educação da PUC-SP