Tony Bennett está se aposentando dos palcos com 95 anos, informou seu filho nesta sexta-feira (13). Diagnosticado com Mal de Alzheimer em 2016, ele cancelou uma série de apresentações planejadas para este ano.Últimas apresentações ao vivo foram na semana passada com Lady Gaga, informou o site F5.

O jornal Folha de São Paulo publicou em 1º de fevereiro de 2021: “A vida é um presente, mesmo com Alzheimer”, escreveu Bennett.”

Para a revista Veja, o ator Alexandre Borges contou como ‘parou tudo’ para cuidar da mãe com Alzheimer, em julho de 2021: ‘Tentei não entrar numa espiral de desespero. Era preciso reunir forças para cuidar dela e tranquilizá-la’.

Além de celebridades e parentes de famosos, uma parcela significativa da população mundial sofre diante desta doença que, por enquanto, não tem cura.

O CPP procurou ouvir Fabiano de Abreu Rodrigues, doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia, com especialização em Propriedade Elétricas dos Neurônios (Harvard), para esclarecer a conexão entre Alzheimer, aprendizagem, memória, pensamento e planejamento.

O tecido cerebral com Alzheimer possui menor número de neurônios e, consequentemente, maiores implicações.

“Os neurônios são o principal tipo de célula destruído pela doença de Alzheimer e eles, juntos, formam uma “floresta de neurônios”, que se conectam com mais de 100 trilhões de pontos. Essa floresta é uma rede densa e ramificada que através de sinapses formam a base das memórias, pensamentos e sentimentos. Pense na sinapse como uma explosão elétrica que transporta substâncias químicas chamadas de neurotransmissores, os mensageiros da vida que fornecem sensações, sentimentos, ditam a personalidade e inteligência. A doença de Alzheimer interfere no modo como as cargas elétricas viajam entre os neurônios influenciando na atividade dos neurotransmissores. Com o passar do tempo, nossas experiências moldam padrões para essas conexões que definem como nosso cérebro codifica nossos pensamentos, lembranças, habilidades e a compreensão sobre si mesmo e sobre probabilidades.

A doença de Alzheimer causa a morte de neurônios e perda de tecido em todo o cérebro encolhendo o cérebro de forma gradativa afetando diversas funções em diferentes regiões. O encolhimento do córtex danifica regiões do pensamento, planos e lembranças. No hipocampo, onde é mais grave, é a região onde transforma a memória de curto prazo em longo prazo, prejudicando no armazenamento de memórias. Já os ventrículos, espaços preenchidos por fluídos, ficam maiores. O tecido cerebral com Alzheimer possui menor número de neurônios e sinapses por consequência. As placas, que são depósitos anormais de fragmentos de proteínas, se agrupam entre os neurônios. Os neurônios mortos ou prestes a morrer contém um emaranhado neurofibrilar que são formados por esses fragmentos torcidos de outra proteína, afirma Fabiano de Abreu Rodrigues, doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Neurociências e Psicologia.

Dormir bem, exercícios,  boa alimentação, controle emocional, estimulação do cérebro e evitar excesso de peso são alguns apoios para evitar a doença.

“Uma proteína chamada tau ajuda os trilhos a permanecerem retos e em regiões com formação de emaranhados se convertem em filamentos torcidos; os trilhos não conseguem se manter retos e se rompem ou desintegram. Dessa forma, nutrientes e outros suplementos essenciais não conseguem se movimentar através dos neurônios que acabam morrendo. As placas e emaranhados se espalham por todo córtex com o avanço da doença e a velocidade varia de acordo com o indivíduo podendo ser de 8 ou até 20 anos. Há fatores como idade, data de diagnóstico da doença para tratamento, se a pessoa possui outros problemas de saúde, entre outros. Nos estágios iniciais, antes mesmo que os sintomas sejam detectados, as placas e emaranhados começam a se formar em regiões do cérebro da aprendizagem, memória, pensamento e planejamento. A doença de Alzheimer não tem cura, assim como não se sabe ainda a razão da doença. O fator genético está associado, mas também fatores ambientais e o estilo de vida de uma pessoa pode ser determinante para que a doença se desenvolva. Fatores como dormir bem, fazer exercícios, ter uma alimentação balanceada, controlar problemas psicológicos, estimular o cérebro, evitar excesso de peso, são alguns dos métodos cruciais para evitar a doença” detalha o especialista.

E o lado vantajoso dos professores em relação à prevenção?

“Professores, por um lado, têm um fator favorável, que é fazer bastante leitura, estão com mente ativa com atividades que estimulam pensamentos e a memória. Mas por outro lado, não podem deixar o estresse contrabalancear essa vantagem. Assim como precisam manter os mandamentos de fatores como descritos acima para que mantenha o organismo em homeostase melhorando a capacidade cerebral para a plasticidade, conclui o neurocientista Fabiano Rodrigues.”