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O vereador Azuaite Martins de França (Cidadania), presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, em pronunciamento na sessão plenária de terça-feira (22), manifestou a preocupação do professorado paulista diante do anúncio feito pelo governador eleito do estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas, de que nomeará o empresário Renato Feder para ser o próximo secretário estadual de Educação.

Azuaite mencionou os protestos que o anúncio de Freitas provocou entre especialistas e entidades da Educação no estado, entre elas o Centro do Professorado Paulista (CPP), do qual o parlamentar é o segundo vice-presidente. “Não se trata de questionar a origem da pessoa (Feder é o atual secretário de Educação do Paraná), mas as suas ações, a sua biografia, aquilo que passar pela sua cabeça e o que pretende implementar à frente de uma pasta tão importante como é a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo”.

O vereador disse que existe a perspectiva de um grave retrocesso no ensino público paulista. “Aqueles que votaram no Tarcísio de Freitas não podem reclamar porque, justiça seja feita, ele não enganou ninguém: seu plano de governo diz textualmente que pretende avançar a municipalização da educação fundamental, à qual todos os professores se opõem”.

Durante sua fala, Azuaite abordou aspectos de notícia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo sobre as políticas adotadas por Feder no Paraná. Conforme frisou,o futuro secretário desenvolveu uma gestão alinhada a interesses de fundações e empresários da educação. “No fim de outubro, por exemplo, o governo paranaense abriu edital para contratar empresas que vão gerir 27 escolas estaduais a partir do próximo ano. E promoveu uma das maiores ampliações de escolas cívico-militares do país de 2020 a 2022: pelo menos 195 escolas estaduais paranaenses passaram a ter o modelo defendido por Bolsonaro.”

Azuaite também comentou que Feder chegou a defender a privatização do ensino e a extinção do Ministério da Educação. “Ele sugeriu a implantação do sistema de vouchers em que famílias recebem uma espécie de cupom como qual matriculam os filhos em escola particular; o valor do cupom então seria pago diretamente à escola pelo governo.”

“Dinheiro para o governo não, mas dinheiro para empresário, sim”, afirmou. “É assim que pensa, foi assim que fez lá no Paraná o futuro secretário da educação do estado de São Paulo.” Há nove anos sem concurso público para professores, o estado de São Paulo reúne 3,5 milhões de alunos e 210 mil docentes.

O vereador ponderou que o que está a caminho “é um grande retrocesso no ensino público, contra o qual os profissionais da educação terão de ficar muito atentos durante e permanentemente mobilizados na próxima gestão”. “Não se trata de uma previsão pessimista, mas sim o que prenuncia a atuação autoritária de Renato Feder à frente da pasta no Paraná: privatizações, militarização do ensino, precarização nas contratações, falta de diálogo e conflitos com servidores”, concluiu.