Dados da pesquisa sobre violência nas escolas da rede estadual, revelam que 44% dos professores e 28% dos alunos já sofreram algum tipo de violência dentro das instituições de ensino. Mais da metade dos alunos (57%) consideram a sua escola violenta – constatação mais frequente na avaliação de pais (70%) e professores (78%). Entre os docentes ouvidos pela pesquisa, 84% deles relataram ter tomado contato com casos de violência escolar no último ano. Lamentavelmente, em boa parte dos casos, as vítimas dessa onda são os próprios docentes.

 

Desde a última segunda-feira, a morte do professor Vagner Rodrigues da Graça, de 39 anos, engrossa as estatísticas. Ele foi assassinado a poucos metros da porta de entrada da escola na qual trabalhava, em Diadema. O mestre de sociologia recebeu um tiro no peito de um motoqueiro, ainda não identificado. Não há a menor evidência de que o crime possa ter sido consequência de um assalto, já que nada foi roubado, ironicamente, no mesmo dia em que o professor foi morto, a Secretaria de Segurança Pública apontava o aumento de 6,8% no índice de homicídios.

 

Para os estudantes, a principal maneira de combater a violência é investir em projetos de cultura e lazer. Educadores acreditam que o debate seja o melhor caminho para reduzir as ocorrências. Já os pais apostam que aumentar o policiamento ao redor da escola seja a ação mais efetiva. Este parece ser o mesmo o ponto central dessa discussão. Segundo a pesquisa para tentar reduzir o problema, as escolas, em sua maioria, controlam a entrada e saída dos alunos, profissionais e visitantes. Ainda assim, metade das instituições de ensino não conta com rondas escolares no entorno.

 

A crônica violência nas escolas já produziu casos suficientes para justificar um alerta capaz de fazer o Estado tomar medidas mais rigorosas no combate à violência. O incremento das rondas escolares parece uma medida óbvia, sobretudo na periferia da capital e das grandes cidades do interior, a despeito de ter sido tratada com relativo descaso pelas autoridades. Diante da necessidade de se ampliar a ronda, um bom caminho a seguir é reforçar o programa com o aproveitamento de policiais participantes das chamadas operações delegadas, o nome que se dá ao bico oficial dos policiais militares.

 

Não custa lembrar que, em março, o governador Geraldo Alckmin anunciou investimentos para oficializar a operação delegada em todo o Estado, com o intuito de reduzir os índices de criminalidade. Então, que se passe do discurso para a prática enquanto é tempo!

Editorial do jornal Diário de São Paulo, desta quinta-feira (28/8).

Secom/CPP