A Base Nacional Comum Curricular (BNC), atrasada frente à previsão de conclusão do documento para avaliação do Conselho Nacional de Educação (CNE) neste mês de junho, e sob críticas de ter sido paralisada no governo interino de Michel Temer, foi tema de um seminário realizado no Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) nesta quarta-feira (15). O evento, promovido em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp), teve a presença do secretário estadual de Educação, José Renato Nalini, de professores da pró-reitoria de graduação da universidade e de representantes do CIEE.
Em fala inicial, José Renato Nalini cumprimentou os educadores e se mostrou preocupado com o desinteresse de pessoas por cursos de pedagogia. Segundo ele, é importante compreender o motivo da insatisfação que faz com que a juventude não deseje ingressar na carreira. “Cabe a nós refletir nossa missão atualmente”, afirmou, aproveitando a construção de uma base curricular como estímulo para a discussão. Ele também reforçou que o analfabetismo funcional identificado em jovens é preocupante.
José Brás Barreto de Oliveira, professor da Unesp, destacou em seguida que tem notado diminuição na procura de cursos para formação de professores, o que compreende a necessidade de repensar os modelos atuais. “É real e sério o problema de desvalorização da carreira de professor. Então, discutir os rumos da educação, como estamos fazendo aqui, e como sugere a construção de um currículo nacional, é bem-vindo”, afirmou.
Especificamente sobre a Base, a também professora da Unesp e assessora da pró-reitoria, Maria de Lourdes Spazziani, lembrou de aspectos que podem ajudar o País em relação à educação. “A educação básica constitui um espaço humanizado das pessoas nas sociedades modernas. Ela está ligada à nossa subjetividade, isto é, a qualidade do processo educativo escolar é totalmente relacionada à qualidade da educação proposta”, avaliou. Para ela, o mais importante do documento é que haja a defesa da escola a serviço da constituição plena do ser humano.
João Cardoso Palma Filho, docente da universidade e responsável por coordenações no Fórum Estadual de Educação de São Paulo, defendeu a formação do professor baseada no que o profissional ensinará em sala de aula. Em seguida, o presidente emérito do CIEE, Paulo Nathanael Perera de Souza, apresentou dados da educação brasileira.
De acordo com Souza, no Brasil, gasta-se praticamente 2,5 mil dólares por aluno no ensino básico, quando, na Europa, o investimento chega a 8,9 mil. A Suíça, por exemplo, gasta 15 mil dólares na formação de jovens no ensino básico. “Esses dados mostram o quanto a situação é grave, que termina em reprovações e evasões. A melhoria tende a vir a partir do momento em que tivermos mais eficácia no ensino fundamental e médio.”
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