Foto: Governo de SP

O prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), demonstrou em ações recentes que governa por interesses próprios, e não em nome da população paulistana. Tudo a despeito do estado de calamidade pública causado pela pandemia de Covid-19, que alterou, inclusive, o calendário eleitoral de 2020, aquele que o reelegeu em segundo turno para o cargo.

 
Nos últimos dias do ano passado, o prefeito e seu padrinho político, o governador João Doria, também tucano, anunciaram corte na gratuidade de transporte público para idosos entre 60 e 65 anos. No que se refere à cidade de São Paulo, Covas revogou a Lei Municipal nº 15.912/13, então sancionada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que garantia a isenção do pagamento de tarifa nas linhas de ônibus para passageiros com idade superior a 60 anos.

 
A medida contraria o princípio de zelo para com pessoas da terceira idade, justamente aquelas que dedicaram a vida toda ao desenvolvimento do Estado, sejam elas oriundas do serviço público ou não. Afinal, todo trabalho contribui para avanço social. Isenção de tarifa, portanto, não significa privilégio, mas, sim, reconhecimento pelas realizações de toda uma vida. 

 
A Prefeitura justificou a medida alegando ajuste fiscal, velha desculpa de governos do PSDB para impor arrocho aos menos favorecidos. Tanto é verdade que, segundo Rafael Calabria, coordenador de mobilidade do Instituto Brasileiro do Direito do Consumidor (Idec), o fim da gratuidade representa pequena economia para os cofres públicos, uma vez que, em alguns meses, as concessionárias de transporte vão efetuar pagamentos por custo, e não por passageiro transportado.

 
Mais uma prova de que não há interesse por equilíbrio fiscal na mudança está em outra atitude do prefeito. Na véspera de Natal (24 de dezembro), Covas agraciou os paulistanos com um presente de grego, e não de Papai Noel: sancionou aumento de 46% no próprio salário, o que vai elevar seus rendimentos em R$ 11 mil, de R$ 24,1 mil para 35,4 mil, em 2022.

 
A imoralidade passou antes por dois turnos na Câmara dos Vereadores, com o Projeto de Lei nº 173/2018, que virou a Lei nº 17.543. Além do reajuste no salário do prefeito, haverá aumento para o vice-prefeito e secretários, com percentuais que chegam a 55%. Somados, os aumentos, que não foram vetados pela caneta de Covas, devem ferir as contas públicas em pelo menos R$ 500 milhões por ano.

 
O argumento de responsabilidade fiscal é falacioso e beira à marginalidade, considerando os tempos difíceis de pandemia a que todos os cidadãos brasileiros estão submetidos, com perda de emprego e renda desde março de 2020, sem contar as vidas ceifadas. Acrescente-se que a cidade de São Paulo se mostra cada vez mais abandonada, com moradores de rua por todos os cantos, principalmente na região central, onde se situa a Prefeitura e demais órgãos de governo.

 
Com boa parte dos associados idosos e ciente de sua posição social frente à sociedade, o CPP repudia veementemente o fim da gratuidade nos transportes públicos para a terceira idade na principal metrópole da América Latina e o aumento vergonhoso nos rendimentos do prefeito.

 
Bruno Covas não se mostra digno dos mais de 3 milhões de votos que recebeu no segundo turno das Eleições 2020. Governar é tarefa de interesse coletivo, não individual.