Mestre em Educação pela Universidade de Stanford, ele será um dos participantes da mesa sobre Educação Transformacional, nos dias 13 e 14 de agosto, no Pavilhão da Bienal
Em oposição à educação transacional, que concede recompensas como contrapartida da obediência, o ensino transformacional começa a ser citado como linha que atua para inspirar os estudantes a cultivar a curiosidade; age com o estímulo e personalização do conteúdo, favorecendo o comportamento empático e criando conexões emocionais entre alunos e professores. Essa forma de enxergar a educação requer que o docente equilibre estratégias de ensino e de aprendizagem; o professor deve abrir espaço para diálogos colaborativos dentro da perspectiva de metodologias ativas. A educação transformacional será tema de uma mesa na blastU, que contará com a participação de Claudio Sassaki, mestre em Educação pela Universidade de Stanford e cofundador da Geekie. O evento acontece nos dias 13 e 14 de agosto, em São Paulo, no Pavilhão da Bienal.
Com o propósito de inspirar empreendedores que buscam ampliar o repertório sobre os principais assuntos discutidos no mundo, a blastU contará com uma programação repleta de dinâmicas e compartilhamento de experiências pessoais, trazidas por indivíduos que estão mobilizando o Brasil para o futuro. O evento se desenvolve em um ambiente rico em conteúdo e experiências criadas por profissionais com espírito colaborativo e real prática de sair da zona de conforto para desbravar novos caminhos. Segundo Claudio Sassaki, a participação será uma excelente oportunidade de debater novos caminhos para a educação no Brasil a partir de uma perspectiva na qual a tecnologia se torna aliada à medida que traz intencionalidade pedagógica.
“Falar sobre educação transformacional é abordar a importância de despertar no aluno a vontade de gerir ativamente o próprio aprendizado. Nesse cenário, o professor estimula a interação e cooperação entre os estudantes com uma postura que favorece um ambiente para o desenvolvimento de competências socioemocionais. O aprendizado ativo e significativo incentivado por práticas como sala de aula invertida, gamificação, ensino baseado na resolução de problemas, aprendizado por pares ou times, aprendizado maker, learning by doing, STEM e design thinking– são parte importante nesse processo”, defende Sassaki, cofundador da Geekie, empresa que se tornou referência no Brasil e no mundo em educação com apoio da inovação e tecnologia.
Aprendizagem ativa
Baseado na proposta de colocar o aluno como agente do próprio aprendizado, a aprendizagem ativa estimula o desenvolvimento do pensamento crítico e da reflexão; aperfeiçoa a autonomia do aluno, focando no desenvolvimento integral que está em sintonia com as demandas do século XXI. Nesse contexto, o professor assume o papel essencial de assegurador do aprendizado. Na essência, a aprendizagem ativa trabalha o aprender de uma maneira mais participativa, uma vez que o envolvimento do estudante cria oportunidades de interação que são fundamentais ao desenvolvimento cognitivo e afetivo. Um ponto relevante é que não se trata de uma atividade isolada; sim uma construção didática na qual o educador desenvolve um olhar atento para a turma e grupos de alunos, indicando caminhos e ferramentas que facilitam a aprendizagem à medida que promove contexto, reflexão, interação e investigação. O residual do processo é um aluno cognitivamente engajado mediante estratégias adequadas ao indivíduo.
Um exemplo de metodologia ativa adotada pela Geekie – adaptada a partir do Project Zero, iniciativa fomentada pelo filósofo Nelson Goodman, da Universidade de Harvard – são as chamadas rotinas de pensamento, dentre elas a “Pensar, Ouvir e Debater”. Nela, o centro está em discussões de temas que costumam gerar posicionamentos bilaterais. A partir de uma pergunta, os alunos são encorajados a pensar, tomar nota dos argumentos mediante uma reflexão individual; o professor pode fornecer textos-base para dar alicerce às opiniões. A segunda etapa, ouvir, é feita depois da reflexão individual; o momento é de criar dois círculos concêntricos na sala de aula, no qual cada um terá um argumento contrário ao outro. Em rodadas de dois minutos, um membro do círculo – de frente para o outro – vai expor os argumentos enquanto o interlocutor somente escutará. Na sequência, troca-se o papel de ouvinte.
Em debater, após o processo de escuta na roda, a turma é convidada a se dividir em dois grupos – de acordo com a conclusão individual e agrupando-se em posicionamentos – para falar sobre as conclusões. Membros de cada grupo, eleitos pelos demais, farão a apresentação das conclusões e argumentos para a sala. Finalizado o debate, a turma se reúne para as conclusões.
Segundo Sassaki, a proposta do Project Zero é preparar o educador para lidar com o ensino analiticamente, desenvolvendo novas abordagens para planejar a aula. “No modelo tradicional, o professor pensa a aula com base em critérios mais convenientes ou de acordo com roteiros estabelecidos pelo livro. Dentro do conceito de pensar um designpara a aula, o professor assume a lógica de priorizar a melhor experiência de aprendizagem para o aluno, ou seja, ele começa a pensar a aula, analisando quais são os objetivos de aprendizagem que deseja atingir. Estou falando do teaching for the understanding, quetem por alicerce o nível de aprendizado que se espera que o aluno tenha”, afirma. Mestre em Educação pela Universidade de Stanford, Sassaki acrescenta que para isso, “o professor precisa ter os objetivos de aprendizagem claramente definidos; a partir da definição clara, passa a pensar em qual será a melhor experiência de aprendizagem para o pleno entendimento do conteúdo por parte do aluno.”