Mônica de Araújo

“A música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro”. A frase é creditada a Platão, um dos maiores pensadores da História.

 

Por agregar uma notável elevação de valores aos alunos e um grande apoio ao aprendizado, o evento, coordenado pela professora Loretana Paolieri Pancera, 1ª vice-presidente da entidade, o Concurso de Corais Infantojuvenil do CPP já faz parte do calendário escolar de diversos estabelecimentos de ensino particulares e públicos do estado de São Paulo.

 

Este ano é especial. O evento comemora sua 15 edição. O CPP está em festa.

 

Devido à capacidade da música em ser uma grande aliada no processo educativo e por representar uma fonte inesgotável de enriquecimento pessoal, o CPP abordou o tema com um dos mais queridos e respeitados nomes da música popular brasileira, o Caçulinha. Acompanhe a entrevista:

 

Portal CPP: Após a iniciativa do maestro Villa Lobos, muitas gerações tiveram aula de música em escolas. Mas, depois de um tempo, acabou. Qual a consequência desta ausência?

 

Caçulinha: A falta da música é muito grave, sabe por quê? Eu, quando estava na escola, tinha o canto orfeônico. Na época, era uma matéria. Quando você é criança, ainda que não tenha dom, você canta no meio dos outros e vai tomando conhecimento e gosto pela música. É uma coisa linda. É educação. Hoje em dia, a música faz muita falta nas escolas. É por isso que neste país estamos chegando ao ponto que, musicalmente, a cultura é zero.

 

Portal CPP: Qual a importância da música dentro da sala de aula?

 

Caçulinha: Sou tio-avô de uma menininha e de um menininho, um de 7 e outro de 12 anos. Às vezes, eles ouvem alguma música nova e perguntam “titio, que bonita, quem gravou? Então, respondo:” Não, meu bem. Isso é música de 40 anos atrás.” Eles não conhecem. Na escola, não estão dando orientação alguma sobre música para as crianças.

 

Portal CPP: O que você gostaria de ver implantado nas escolas da rede pública, que ajudasse na implementação da música?

Caçulinha: Gostaria de implantar o canto orfeônico para que a matéria voltasse a falar sobre música. Fiz conservatório na História da Música. Era uma matéria maravilhosa. Tínhamos conhecimento sobre tudo, inclusive sobre as pessoas envolvidas com a música, Beethoven, Chopin – agora, as crianças não têm base, não conhecem nada. 

 

Portal CPP:Como você vê o futuro da música nas escolas públicas brasileiras?

Caçulinha: Se voltar a ter aula de música com o canto orfeônico, haverá melhora. Os Estados Unidos têm escolas e mais escolas musicais. Na Europa, é obrigatório ter escolas de música em todos os lugares. Você vê, pela cultura das crianças, que o modo de pensar é mais equilibrado, a “cabecinha pensa diferente” quando estudam música.

 

Caçulinha é o nome artístico de Rubens Antônio da Silva, famoso multi-instrumentista e compositor. É de Piracicaba, interior de São Paulo, conhecido internacionalmente por suas apresentações. Seu talento está ligado a importantes nomes da música popular brasileira como Luiz Gonzaga e João Gilberto.

 

A  Lei 11.769, que traz a obrigatoriedade do ensino de música na educação básica pública, foi aprovada em 18 de agosto de 2008 pela Presidência da República. 

 

Secom/CPP