Atualizado em 15 setembro, 2023 às 12:14

Segundo a palestrante e pedagoga Telma Vinha, de 2001 até junho de 2023 foram contabilizados 33 ataques a unidades escolares em todo o Brasil

Foto: Richard Lourenço/Rede Câmara SP

A violência no âmbito escolar é uma preocupação constante do CPP, e exige atenção e ações imediatas. Com o intuito de contribuir para o debate sobre o tema, o CPP participou, na segunda-feira (11), do seminário ‘A Violência no âmbito Escolar: Construindo Caminhos para a Convivência Positiva”, na Câmara Municipal de São Paulo, representado pelo professor Azuaite Martins de França, segundo vice-presidente da entidade (confira aqui a íntegra do evento no YouTube) .

A conversa, uma iniciativa do vereador Eliseu Gabriel (PSB), teve como palestrante a pedagoga Telma Vinha, doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Unicamp. Segundo a educadora, de 2001 até junho de 2023, foram contabilizados 33 ataques às escolas em todo o Brasil, sendo que 54,54% entre fevereiro do ano passado e junho deste ano. A série de ataques soma 130 vítimas, 97 feridos e 33 mortos (27 alunos, 4 professores e 2 especialistas).

Em sua palestra, Telma esmiuçou números alarmantes dos atentados ocorridos nos últimos anos, quando os ataques deixaram de ser ocasionais e passaram a acontecer com frequência. Nos dados apresentados, o número de mortes com armas de fogo é quase total, sendo responsável por 99% dos casos.

A faixa etária dos autores com maior índice de ocorrência é dos 13 aos 15 anos (17), tendo concepções e valores opressores como gatilho motivacional, ocasionado por ideais homofóbicos, misóginos e racistas, indícios de transtornos mentais variados (não diagnosticados ou tratados), sofrimento acentuado, busca de notoriedade, isolamento social, falta de propósito e culto à violência a armas.

“Os atos de violência extrema que vivemos no Brasil nesses últimos anos são ataques que invadem as escolas, e antes eram fatos isolados. Não acreditávamos que aconteceriam muito, mas atualmente isso virou um fenômeno, pois é uma violência que tem características específicas que a diferenciam de outras violências. Mapeando todos esses ataques, descobrimos que as vítimas e as escolas não são escolhidas ao acaso. São adolescentes usuários de subcultura extremista existente em fóruns on-line de incentivo à violência, que eles encontram na deep web e em redes sociais como Twitter, Instagram, TikTok (que são abertos) ou comunidades (grupos) como o WhatsApp, Telegram, Discord e Reddit, isso sem falar em jogos violentos em que os usuários conversam entre eles por meio de chat”, disse Telma.

Para o professor Azuaite, o encontro foi importante principalmente para os profissionais da Educação que estão no dia a dia das escolas. “A violência está intrínseca em nossa sociedade. Não são apenas professores, educadores, diretores que lidam com ela todos os dias, mas todos. Foi importante este debate para buscarmos conhecimento, saber o motivo pelo qual temos sofrido tantos ataques à escolas. A conclusão é que essas pessoas querem destruir a função da escola, pois a escola é sim transformadora, é a chave de toda transformação possível de uma sociedade”, alertou. 

Foram quatro horas de debate nas quais os participantes buscaram soluções para que a escola seja, de fato, um ambiente privilegiado de aprendizagem e de desenvolvimento integral dos estudantes. O seminário trouxe importantes ideias e teve por objetivo principal sensibilizar os participantes para a importância de abordar a violência nas escolas, fomentar a troca de experiências e boas práticas entre profissionais da Educação, alunos e demais interessados.

“Conseguimos reunir profissionais da Educação, estudantes, grêmios e integrantes das Comissões de Mediação de Conflitos da Secretaria Municipal de Educação, além dos debatedores que enriqueceram nosso seminário com dados e soluções para buscarmos um ambiente cada vez mais seguro nas escolas”, disse o vereador Eliseu Gabriel.