A educação inclusiva avança em defesa do direito de todos os alunos aprenderem e participarem juntos, sem nenhum tipo de discriminação. É a conjunção da igualdade com a diferença.

Para abordar o tema e apresentar os avanços do processo de inclusão aos educadores, em breve o Instituto de Estudos Educacionais Sud Mennucci abrirá inscrições para o curso “Inclusão de alunos com deficiência e transtorno global de desenvolvimento na escola regular: um diálogo sobre as práticas pedagógicas”.

O curso, voltado para associados e não associados, será ministrado por três especialistas.

A professora Hellen Beatriz Custódio de Oliveira Figueiredo falará a respeito de deficiência intelectual e autismo. A professora Raquel Gomes sobre deficiencia fisica e explicará a tecnologia assistiva. E a professora Adriana Sapede dará aula  sobre Política de Educação  Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

 

A professora Aurora Fioretti Novais, diretora do Instituto do CPP, explica o foco das aulas:
“O Instituto de Estudos Educacionais Sud Mennucci, cumprindo seu objetivo de colaborar com o professor em sua prática diária, programou o referido curso, tendo como finalidade principal a reflexão sobre a construção de práticas que facilitem o processo inclusivo e a efetiva aprendizagem dos alunos.”

Para abordar o tema, a professora Adriana Sapede concedeu uma entrevista à Secom – Secretaria de Comunicação do CPP – Confira:

Secom: Em décadas passadas, os alunos com deficiência eram atendidos em escolas especializadas. Quando ocorreu a mudança do atendimento em escolas segregadas para o atendimento nas classes comuns?

Professora Adriana:

O atendimento às pessoas com deficiência iniciou-se em escolas especiais, sendo o atendimento pautado no paradigma da institucionalização e o conceito era de segregação.
Durante a década de 60, esse paradigma começou a ser criticamente examinado e iniciou-se um movimento pela desinstitucionalização do atendimento, que defendia a necessidade de introduzir a pessoa com necessidade educacional especial na sociedade, procurando ajudá-la a adquirir as condições e os padrões da vida, no nível mais próximo possível do normal. Esta ideia estava baseada na normalização do sujeito, no paradigma de serviços que trazia o conceito de integração, no qual o aluno se modifica, se normaliza para participar da escola.
Na década de 90, a discussão era sobre o fato da pessoa com necessidade educacional especial ser um cidadão como qualquer outro, com os mesmos direitos e devia ter igualdade de oportunidades, tirando o foco da deficiência e colocando o foco na eliminação de barreiras para participação. Essa ideia traz o paradigma de suportes e o conceito de inclusão, no qual a escola se modifica para atender a necessidade do aluno.

Secom: Quais as diferenças entre os termos “educação inclusiva”, “escola inclusiva” e “educação especial”?

Professora Adriana: 

A educação inclusiva se constitui num conjunto de compromissos dos sistemas de ensino e das escolas que objetivam o acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem de todos os alunos. Exige uma proposta educacional que reconheça e garanta o direito de todos os alunos de aprenderem juntos.
Quando falamos de escola inclusiva estamos falando de uma escola que acolhe todos os alunos que a procura e que foca o trabalho nas possibilidades que os alunos têm e não nas suas limitações. É uma escola que elabora seu projeto pedagógico contemplando todas as ações que são necessárias para que os alunos aprendam.
E por fim, educação especial é uma modalidade de ensino que atende os alunos a partir da educação infantil, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e serviços e orienta os professores das classes comuns.

Secom: A inclusão escolar deve garantir a todos os alunos o acesso à aprendizagem num mesmo espaço. Quais os principais obstáculos?

Professora Adriana:

Os principais obstáculos são as barreiras atitudinais, barreiras na formação, na acessibilidade, na avaliação e na rede e apoio, sendo que as barreiras atitudinais são as mais difíceis de serem superadas, pois depende da eliminação dos preconceitos das pessoas, que por vezes estão já arraigados.

Secom: Para receber os alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/superdotação é preciso que a escola regular se reestruture. Como deve ser feito esses processo?

Professora Adriana:

Esse processo implica em mudanças na escola e um processo profundo de revisão de antigas concepções e paradigmas educacionais, para aceitar, acolher e respeitar as diferenças dos alunos e atender às suas necessidades para aprender e participar do processo educacional. Para isso, é necessário elaborar, de forma coletiva, o Projeto Pedagógico da escola com o grande desafio de eliminar todas as barreiras que possam impedir a aprendizagem dos alunos. A formação dos profissionais é um elemento chave para que as mudanças ocorram, pois o conhecimento traz clareza quanto aos conceitos, às diretrizes e à proposta de educação inclusiva, levando os profissionais a eliminar de seus planos de ensino práticas excludentes e discriminatórias, pois eles irão propor um plano de aula para a classe toda, respeitando as singularidades e atendendo as necessidades individuais.

Secom: Onde o professor encontra orientação para ter condições de trabalhar com alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/ superdotação?

Professora Adriana:

A formação continuada do professor deve ser compromisso dos sistemas de ensino e é função da escola a oferta de formação em serviço aos professores. Mas essas indicações não substituem a necessidade do professor buscar sua formação, de acordo com sua necessidade, assim como fazem os demais profissionais de outras áreas.

Secom: Quais as vantagens e desvantagens de incluir alunos com deficiência nas classes comuns?

Professora Adriana:

Só existem vantagens na convivência entre alunos com e sem deficiência, pois os alunos sem deficiência terão a oportunidade de conviver, aprender e participar de atividades com os colegas que tem limitações e condições muito diferentes das suas e dos demais alunos e terão a oportunidade de desenvolver habilidades cooperativas, de serem solidários, de respeitar e aceitar a diversidade humana, sem preconceitos e discriminação, comportamentos estes que certamente levarão para toda vida, contribuindo para a construção de contextos sociais mais saudáveis e acolhedores.
 
Secom: O que o educador precisa saber para realizar um bom trabalho com os alunos com deficiência, TGD e altas habilidades/ superdotação?

Professora Adriana:

Que se ele ensinar a todos, todos aprenderão, cada um do seu jeito, de acordo com suas potencialidades e possibilidades, mas todos aprenderão juntos. Precisa saber também que há necessidade de formação, apoio, recursos e trabalho em equipe, pois o aluno não é do professor e sim da escola.

*A professora Adriana é Pedagoga com Especialização em Distúrbios da Áudio Comunicação, Administração e Supervisão Escolar, palestrante e Assessora Técnica Educacional da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.

Data do início do curso a definir em virtude dos Cursos Preparatórios para Concursos.

Informações:(11) 5539-5348 / 5574-0804
Email: instituto@cpp.org.br.

Instituto de Estudos Educacionais “Sud Mennucci”

Rua Joaquim Távora, 756 – São Paulo – SP

 Secom/CPP