Nem todo mundo sabe que no dia 6 de maio de 1895 nascia o brasileiro chamado Júlio César de Mello e Souza. Famoso como Malba Tahan, o matemático escreveu o icônico livro “O Homem que Calculava”. Histórias recheadas de beduínos, princesas e sultões, que apresentam a matemática de forma tão criativa, tão mágica que envolve o leitor até a última palavra com a mesma rapidez de um tapete voador. É com muita justiça e merecimento que o dia do nascimento de Malba Tahan se tornou o Dia da Matemática no Brasil.
Ainda que seja uma disciplina inigualável em sua importância e assustadora pela maioria dos estudantes Brasil afora, a matemática é, de fato, um problema nacional. A defasagem no aprendizado é angustiante. O mais recente resultado do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) aponta que “dois terços dos brasileiros de 15 anos sabem menos do que o básico de matemática”.
Acredite, o ensino pode ser mais encantador e o que é o melhor de tudo: a matemática deixou de ser um bicho papão. Para explicar, o CPP apresenta a especialista Cleonara Diemeier, assessora dos Anos Iniciais de Matemática do Colégio Positivo, de Curitiba, Paraná.
Com ajustes é possível estudar Matemática sem traumas e sem medos?
Normalmente, o aluno traz consigo um preconceito de que a Matemática não é legal, de que é uma disciplina para poucos – ou você é bom em matemática, ou você não é. Somado a esse fato, temos ainda conteúdos que exigem de nossos estudantes uma maior compreensão.
Quem nunca ficou nervoso diante de uma prova de matemática? Não é novidade que a disciplina é uma das mais temidas pelos alunos, sobretudo quando passa a exigir mais das crianças e adolescentes. Porém, com alguns ajustes, tanto em casa, como na escola, é possível superar essas dificuldades.
Percebemos a necessidade de a escola trabalhar a disciplina de forma que faça sentido para o aluno. Devemos, enquanto professores, estar atentos à realidade de nossa sala de aula, partindo de conhecimentos prévios de nossos alunos, a fim de buscar a equidade, transmitindo a cada um o que precisa. Somente dessa forma, poderemos mostrar que a matemática vai além de nossa sala de aula, que possui uma relação direta com a sociedade que estamos inseridos. É importante que tenhamos professores preparados para trabalhar com uma matemática visual, criativa e encorajadora. Professores que desenvolvam em seus planos de aula estratégias que levem os alunos à compreensão. Que façam boas perguntas, que promovam reflexões críticas, que ofereçam ferramentas adequadas a seus alunos, tornando-os protagonistas do seu próprio aprendizado..
Como não desenvolver o medo?
Ainda que a matemática seja temida por muitos estudantes, nos primeiros anos de vida escolar, ela é só mais uma disciplina que, inclusive, boa parte das crianças aprecia. Assim, para que o menino, ou a menina, não desenvolva aversão à matéria no futuro, é importante que haja parceria entre família e escola. No que diz respeito à escola, é prioridade admitir que existem diferentes formas de pensar a Matemática. Hoje, em situações-problema, por exemplo, o professor precisa compreender como o aluno chegou ao resultado, valorizando as estratégias utilizadas e não apenas o resultado final. No que diz respeito à família, a professora lembra que é importante que os pais não façam comentários negativos em relação à disciplina e não transfiram para os filhos eventuais medos e frustrações que tenham ou já tiveram. A autoestima tem impacto direto no desempenho. Muitos alunos não atingem bons resultados na matemática, mas percebemos que muitas vezes é uma “falsa dificuldade”. Ou seja, o problema não é a disciplina, mas sim a baixa autoestima.
Ensino remoto. E agora?
Os professores estão buscando despertar o interesse, valorizando conquistas dos alunos, trabalhando o raciocínio lógico e a autonomia, mesmo por trás de uma telinha. Temos que aproveitar a ferramenta que está em nossas mãos, isto é, a tecnologia, ela é a nossa grande aliada, utilizar vídeos que mostram a aplicabilidade da matemática, desenhos e contação de histórias que envolvem e encantam os nossos alunos, há muita coisa interessante e importante na internet, muitos jogos que envolvem os conteúdos.
Os professores têm utilizado aplicativos para desenvolver jogos envolvendo as habilidades que a sua turma está trabalhando, por meio do lúdico são retomadas, exploradas e aprofundadas, e os alunos aprendem de maneira divertida. As atividades lúdicas trazem prazer em aprender explorando o raciocínio lógico e a habilidade de realizar cálculos. Com o ensino remoto, nós da educação, tivemos que entrar no mundo tecnológico que nosso aluno já fazia parte, saímos da zona de conforto, com isso, descobrimos novas maneiras de ensinar. Temos que ter ciência que a educação, após toda essa desestruturação por causa da pandemia, trouxe um novo olhar, uma atualização para os professores, que deixa de ser apenas um repassador de informações e torna-se um mediador frente à aprendizagem do aluno.