Menores médias salariais nas escolas particulares estão entre docentes da educação infantil, com salários de R$ 2.250

Levantamento veiculado pela Agência Brasil mostra que, em média, professores de escolas particulares recebem salários inferiores ao novo piso nacional do magistério em escolas públicas, que neste ano chegou a R$ 3.845.

As menores médias salariais nas particulares estão entre professores da educação infantil, com salários de R$ 2.250.

O levantamento foi feito pelo Grupo Rabbit, que presta consultoria em gestão educacional, entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, de forma amostral, com 332 escolas com perfis diversos.

Para professores do ensino Infantil e do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, os salários giram em torno de R$ 2.250 a R$ 2.638, respectivamente, para jornadas integrais, de 40 horas semanais.

“Isso desestimula o ingresso de novos profissionais. Ninguém quer ser mais professor, por isso que se tem dificuldade de contratação de professores de algumas matérias”, diz o presidente executivo do Grupo Rabbit, Christian Coelho. “A carreira não é estimulante”, acrescenta.

No ensino médio e nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano, os salários são baseados em valores por hora/aula. A média da hora/aula para o ensino fundamental gira em torno de R$ 22 e, para o ensino médio, cerca de R$ 30.

A maior parte das escolas participantes do levantamento, 43%, está localizada no estado de São Paulo, seguida por 10% no estado do Rio de Janeiro. As demais instituições estão distribuídas entre estados da região Nordeste (18%), Sul (11%), Sudeste (9%) e Norte e Centro-Oeste, que juntas somam 9% da amostra.

A maioria cobra mensalidades entre R$ 301 e R$ 900, o equivalente a 48% das instituições participantes. Outras 13% das escolas cobram mensalidades de mais de R$ 1,5 mil.

Coelho ressalta que a pandemia fez com que muitas escolas tivessem que negociar as mensalidades com os pais e responsáveis. Para 61% das escolas, os custos aumentaram em relação ao cenário pré-pandemia e para 66% a lucratividade diminui.

A maioria, 70%, tem alguma dívida. A média de lucratividade dessas instituições é de 11%. “Para uma prestadora de serviço, é muito baixo. Qualquer deslize, ela quebra. Qualquer demissão de pessoa mais antiga, qualquer investimento necessário, tira essa lucratividade. São empresas com risco gigantesco”, analisa Coelho.

Segundo Coelho, as perdas de poder aquisitivo dos brasileiros, que vêm desde antes da pandemia e foram ainda mais intensificadas nos últimos dois anos, impactam diretamente as escolas particulares. Muitos alunos acabam migrando para a rede pública porque os pais não conseguem manter as matrículas nas instituições privadas. As perdas de receita acabam impactando o salário dos professores.