Michelli Freitas

Essa brincadeira que temos visto nas redes sociais fere o outro fisicamente, mas que também o abala emocionalmente por ter sido exposto a esse tipo de coisa. Precisamos estar atentos para atitudes que machucam, que ferem o outro, também emocionalmente.

A escola é um local onde as crianças e os adolescentes passam muitas horas do dia. Por esse motivo, tem sim um papel muito importante de conscientização e de formação dos alunos. A escola não pode deixar esse tipo de brincadeira acontecer. Mas, se aconteceu, é necessário realizar um trabalho de rodas de conversa, de jogos e fazer com que isso esteja presente no dia a dia deles e não só em momentos trágicos.

Os pais precisam sempre conversar muito com as crianças e entender qual é a percepção que elas têm e para que conformem a percepção delas e saibam como agir e como falar nesses casos. É necessário conversar sobre esses desafios, sobre as coisas que os colegas fazem.

Se para uma criança fazer esse tipo de coisa é normal, realmente essa criança precisa de uma ajuda maior de profissionais para poder mostrar para ela o que é normal e o que não é, fazer o exercício de se colocar no lugar do outro, de entender o que é uma brincadeira normal, saudável e o que ultrapassa a normalidade. Aquilo que ultrapassa a normalidade é aquilo que vai ferir o outro, seja física, seja emocionalmente.

Impedir a viralização de coisas nas redes sociais é impossível. Enquanto não houver leis mais severas, que de fato sejam mais punitivas para esses tipos de coisas que acontecem nas redes sociais, não conseguiremos impedir a viralização. Então, temos de focar em coisas que estão dentro do nosso controle, como a proporção que isso vai tomar dentro dos ambientes dos quais fazemos parte.

Enquanto realmente não tivermos uma legislação que considere isso como apologia ao crime, algo nesse sentido, infelizmente, não vamos conseguir que as pessoas deixem de compartilhar esse tipo de vídeo e materiais que acabam dando ideias para as crianças fazerem coisas absurdas.

Michelli é psicopedagoga e diretora do Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC)